Três perguntas a Silva Lopes
“Não saímos disto sem parar com o endividamento externo”
Portugal não vai sair do radar dos mercados sem resolver o endividamento externo e outros problemas estruturais, diz Silva Lopes, que critica também a actuação política durante este momento difícil da zona euro.
Disse que as lutas partidárias estão a contribuir para o agravar do risco da dívida. Estamos em negação, ou sem noção do que passa?
Em grande parte, não temos mesmo noção. Os políticos mostram demasiada incapacidade para perceber o que se está a passar. Mas há aqui dois factores. Uns são mesmo demasiado incapazes para perceber os problemas. Outros estão mais preocupados em criar problemas ao Governo. E isso revela uma inconsciência que já não vem de agora. Desde a revolução, nunca conseguimos ser responsáveis nas contas públicas. Mas neste momento que vivemos, esta inconsciência ainda é mais grave.
O PEC chega para evitar o contágio a Portugal?
O que digo é que Portugal está a ser atacado não é só por causa das finanças públicas, que são más, mas não são assim tão desastrosas à escala europeia. Tivéssemos nós uma economia mais sã e promissora, e não éramos tão atacados. A tragédia toda não está só no défice. Está, por exemplo, na taxa de poupança, que é a mais baixa do euro ao lado da Grécia. E isto sem crescer, porque se nos estivéssemos a endividar para investir, para crescer, a coisa não era tão má. Mas foi sempre para consumir ou para investir sem crescer. Não vamos sair disto enquanto não pararmos com o endividamento externo. E há também o problema da competitividade, mas esse não é só de Portugal. Nós temos é três problemas e não só um, como se pensa. E neste momento não se está a dar atenção a nenhum.
O PEC pode ser a solução para, pelo menos, um deles?
Este projecto do Governo, apesar de tudo, é um esforço. Talvez não seja suficiente, mas é um esforço. Estou convencido que em Portugal precisamos de um PEC ainda mais restritivo que este, mas só por si isso não resolve o problema. Enquanto não atacarmos os outros problemas todos, não estamos livres disto. E há uma coisa: as medidas restritivas vão obviamente criar problemas no desemprego e travar o crescimento. Agora, nós é que pusemos nesta situação, em que só já temos duas escolhas.
Disse que as lutas partidárias estão a contribuir para o agravar do risco da dívida. Estamos em negação, ou sem noção do que passa?
Em grande parte, não temos mesmo noção. Os políticos mostram demasiada incapacidade para perceber o que se está a passar. Mas há aqui dois factores. Uns são mesmo demasiado incapazes para perceber os problemas. Outros estão mais preocupados em criar problemas ao Governo. E isso revela uma inconsciência que já não vem de agora. Desde a revolução, nunca conseguimos ser responsáveis nas contas públicas. Mas neste momento que vivemos, esta inconsciência ainda é mais grave.
O PEC chega para evitar o contágio a Portugal?
O que digo é que Portugal está a ser atacado não é só por causa das finanças públicas, que são más, mas não são assim tão desastrosas à escala europeia. Tivéssemos nós uma economia mais sã e promissora, e não éramos tão atacados. A tragédia toda não está só no défice. Está, por exemplo, na taxa de poupança, que é a mais baixa do euro ao lado da Grécia. E isto sem crescer, porque se nos estivéssemos a endividar para investir, para crescer, a coisa não era tão má. Mas foi sempre para consumir ou para investir sem crescer. Não vamos sair disto enquanto não pararmos com o endividamento externo. E há também o problema da competitividade, mas esse não é só de Portugal. Nós temos é três problemas e não só um, como se pensa. E neste momento não se está a dar atenção a nenhum.
O PEC pode ser a solução para, pelo menos, um deles?
Este projecto do Governo, apesar de tudo, é um esforço. Talvez não seja suficiente, mas é um esforço. Estou convencido que em Portugal precisamos de um PEC ainda mais restritivo que este, mas só por si isso não resolve o problema. Enquanto não atacarmos os outros problemas todos, não estamos livres disto. E há uma coisa: as medidas restritivas vão obviamente criar problemas no desemprego e travar o crescimento. Agora, nós é que pusemos nesta situação, em que só já temos duas escolhas.
luís rego, DE 24.04.10
Etiquetas: Entrevistas
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