Administradores estão a questionar o Alert
Administradores estão a questionar custos do programa para gerir fluxo de doentes. Aveiro já desistiu do ALERT
Obrigados a mais cortes no orçamento, responsáveis de hospitais públicos estão a questionar a continuidade de uma das ferramentas informáticas que mais têm contribuído para modernizar a gestão hospitalar. Dizem que o ALERT é muito caro e hoje existem versões mais baratas, fornecidas pela própria tutela.
A primeira desistência já aconteceu: no Hospital Infante D. Pedro, Aveiro. “A substituição foi uma opção de gestão”, justifica o presidente do conselho de administração, Francisco Pimentel. A unidade dispõe agora de um sistema fornecido pela Administração Central do Sistema de Saúde e gasta menos €62 mil por ano — preço do contrato de manutenção do ALERT. Mas os gestores foram mais longe e renegociaram outras aplicações informáticas. Contas feitas, entre 2008 e este ano conseguiram uma poupança de €153 mil em custos diretos. “Alguns contratos ainda obrigavam a pagar deslocações, alimentação, hotel e hora de trabalho dos técnicos. Agora, o hospital não vai ser refém dos seus fornecedores”, garante o administrador Luís Coelho. E acrescenta: “Há mais dois hospitais que planeiam desistir do ALERT antes do fim do ano”. Luís Coelho não quis revelar quais e da empresa privada dona do sistema (portuguesa e com um médico entre os fundadores) só dizem que não querem fazer comentários.
UE ajudou a pagar
Obrigados a mais cortes no orçamento, responsáveis de hospitais públicos estão a questionar a continuidade de uma das ferramentas informáticas que mais têm contribuído para modernizar a gestão hospitalar. Dizem que o ALERT é muito caro e hoje existem versões mais baratas, fornecidas pela própria tutela.
A primeira desistência já aconteceu: no Hospital Infante D. Pedro, Aveiro. “A substituição foi uma opção de gestão”, justifica o presidente do conselho de administração, Francisco Pimentel. A unidade dispõe agora de um sistema fornecido pela Administração Central do Sistema de Saúde e gasta menos €62 mil por ano — preço do contrato de manutenção do ALERT. Mas os gestores foram mais longe e renegociaram outras aplicações informáticas. Contas feitas, entre 2008 e este ano conseguiram uma poupança de €153 mil em custos diretos. “Alguns contratos ainda obrigavam a pagar deslocações, alimentação, hotel e hora de trabalho dos técnicos. Agora, o hospital não vai ser refém dos seus fornecedores”, garante o administrador Luís Coelho. E acrescenta: “Há mais dois hospitais que planeiam desistir do ALERT antes do fim do ano”. Luís Coelho não quis revelar quais e da empresa privada dona do sistema (portuguesa e com um médico entre os fundadores) só dizem que não querem fazer comentários.
UE ajudou a pagar
Criado para gerir fluxos de doentes e acabar com o papel, o ALERT foi instalado pela primeira vez, em 2003, no Hospital de Chaves e hoje está em 37 das 62 instituições hospitalares do Serviço Nacional de Saúde. A maioria só usa a ferramenta na Urgência, mas já há hospitais — como Chaves, Santo António (no Porto) e Évora — que também a têm no internamento, nas consultas externas e nos blocos operatórios.
A aplicação — que implicou comprar computadores, ecrãs e outro hardware apropriado — foi adquirida (por valores a rondar €1 milhão) com o apoio de fundos comunitários e agora há hospitais reféns desta opção. “Tendo em conta os elevados custos do projeto e os financiamentos do FEDER — com regras próprias de manutenção dos projetos financiados — não é viável cancelar o sistema, sob pena da obrigatoriedade da devolução dos montantes atribuídos”, explica o administrador do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (que inclui Chaves), Carlos Vaz. Ali são precisos €85 mil anuais para manter o ALERT.
O Hospital de Santo António também beneficiou do apoio da UE (pelo Programa Saúde XXI) mas, ainda assim, está à procura de outras versões. “Temos uma parceria com a Universidade do Minho para estudar alternativas ao ALERT e a outros programas utilizados no hospital”, adiantam os responsáveis. A unidade serviu de cobaia e, por isso, beneficia de um desconto na manutenção. Paga €24 mil ao ano, um valor abaixo da ‘tabela’. Por exemplo, nos Hospitais da Universidade de Coimbra a avença anual pode ascender a €50 mil e a “€100 mil em Évora, onde a informatização ALERT custou €3 milhões”, dizem os respetivos gestores.
Apesar dos custos, os administradores reconhecem a qualidade. O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Pedro Lopes, confirma que “houve muitos ganhos” com o ALERT. Ainda que alguns o tenham entendido como “uma imposição da tutela”.
A aplicação — que implicou comprar computadores, ecrãs e outro hardware apropriado — foi adquirida (por valores a rondar €1 milhão) com o apoio de fundos comunitários e agora há hospitais reféns desta opção. “Tendo em conta os elevados custos do projeto e os financiamentos do FEDER — com regras próprias de manutenção dos projetos financiados — não é viável cancelar o sistema, sob pena da obrigatoriedade da devolução dos montantes atribuídos”, explica o administrador do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (que inclui Chaves), Carlos Vaz. Ali são precisos €85 mil anuais para manter o ALERT.
O Hospital de Santo António também beneficiou do apoio da UE (pelo Programa Saúde XXI) mas, ainda assim, está à procura de outras versões. “Temos uma parceria com a Universidade do Minho para estudar alternativas ao ALERT e a outros programas utilizados no hospital”, adiantam os responsáveis. A unidade serviu de cobaia e, por isso, beneficia de um desconto na manutenção. Paga €24 mil ao ano, um valor abaixo da ‘tabela’. Por exemplo, nos Hospitais da Universidade de Coimbra a avença anual pode ascender a €50 mil e a “€100 mil em Évora, onde a informatização ALERT custou €3 milhões”, dizem os respetivos gestores.
Apesar dos custos, os administradores reconhecem a qualidade. O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Pedro Lopes, confirma que “houve muitos ganhos” com o ALERT. Ainda que alguns o tenham entendido como “uma imposição da tutela”.
Vera Lúcia Arreigoso, semanário expresso, 06.11.10
Etiquetas: Sistemas de Informação, SNS
<< Home