segunda-feira, outubro 11, 2010

Isabel Vaz e a Crise

“As listas de espera globais do País vão aumentar”
O corte dos benefícios fiscais, a descida dos salários e a consequente retracção do consumo pode levar ao adiamento de cuidados de saúde considerados menos essenciais, diz Isabel Vaz. Crítica do que chama “cortes cegos”, a presidente da Espírito Santo Saúde (ESS), diz que com uma base de clientes fiéis, o sistema privado de Saúde não deverá, no entanto, ser dos mais afectados.

O que se pode esperar do Orçamento do Estado para 2011 na área da Saúde?

Vamos ter um ano de recessão ou, no mínimo, de estagnação económica, acompanhado por uma diminuição do poder de compra. O sector privado da Saúde está atento a isso. Quem tem seguros, se os conseguir manter, no momento do consumo só paga taxas moderadoras. Ou seja, para a grande parte da nossa base de clientes as condições mantém-se. Estamos atentos à evolução da economia, mas não prevemos crescimentos tão elevados como até agora.

Mesmo no caso dos funcionários públicos?

Poderá haver alguma retracção da procura dos serviços privados porque vão ter cortes salariais e os co-pagamentos nesses subsistemas são muito superiores aos que existem por exemplo nos seguros.

Podemos assistir a um aumento das listas de espera?

Estou convencida que as listas de espera globais do País vão aumentar e poderá haver adiamento de cirurgias que não são ‘life saving’. Admito alguma retracção da poupança nesse aspecto.

Além dos cortes que já foram anunciados, ainda há onde cortar na Saúde?

Há muita racionalização para fazer ao nível dos hospitais, das estruturas centrais do Ministério. Mas há um esforço de racionamento da rede pública e da rede privada para optimização de recursos. [As populações] têm que perceber que não podem ter um hospital à porta de casa, que isso não é bom em termos de qualidade, se esse serviço de urgência não tiver os números suficientes, os médicos desse serviço não são bons, porque o volume é um critério de qualidade nos cuidados de saúde. O racionamento tem que ser feito de forma técnica, de forma desapaixonada e sem a carga política que hoje tem.

DE 12.10.10

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