quinta-feira, janeiro 21, 2010

Médicos exigem aumento salarial

na Ordem dos 1.700 euros
Ministra insiste em alargar horário das 35 para as 40 horas. Sindicatos estão abertos a negociar mas primeiro querem ver a nova tabela salarial.

As negociações entre os sindicatos dos médicos e o Ministério da Saúde para a conclusão do acordo colectivo de trabalho arrancaram terça-feira ao final do dia, com a ministra a insistir no alargamento do horário dos médicos das 35 para as 40 horas semanais. Os dirigentes sindicais estão dispostos a negociar este ponto mas querem esperar para ver primeiro a nova tabela salarial que está a ser ultimada pela ministra Ana Jorge. Os médicos exigem salários idênticos aos dos juízes e dos professores universitários.
Na prática, isso significaria uma subida salarial para os médicos em início de carreira da ordem dos 1.700 euros. É que, comparando as tabelas salariais dos médicos e dos professores universitários referentes a 2009, verifica-se que, enquanto um médico especialista a trabalhar no Estado (assistente) em início de carreira ganha 1.854 euros brutos, um professor universitário na mesma situação (professor associado sem agregação) recebe 3.601 euros, indica o sindicato.
A nova tabela salarial dos médicos ainda está a ser ultimada pelo Ministério da Saúde e, segundo Paulo Simões, do Sindicato dos Médicos Independentes (SIM), a ministra Ana Jorge garantiu, na reunião de terça-feira, que estaria pronta para discussão no final do mês.
Segundo o médico, os sindicatos “estão dispostos a negociar” o alargamento dos horários “mas tudo depende do enquadramento na nova tabela salarial”.
O presidente do SIM, Carlos Arroz, defende ainda que a colocação dos médicos na tabela remuneratória “deve ser feita em função da diferenciação académica superior”.
“Nesta matéria ninguém tem mais diferenciação que os médicos”, salienta Carlos Arroz, criticando as disparidades entre os salários dos médicos e os dos juízes e professores universitários, quando os primeiros têm uma formação académica muito mais exigente. Segundo conta, o curso de Medicina dura seis anos, ao que se segue mais um ano de internato e mais três a seis anos de especialidade, o que dá um total de 10 a 13 anos para início de carreira como assistente.
Por sua vez, os juízes têm cinco anos de curso e três de Centro de Estudos Judiciários, ou seja, um total de oito anos para começar a julgar. Já os professores universitários têm quatro a cinco anos de curso, mais três anos de doutoramento, perfazendo um total de sete a oito anos de estudo para ser professor universitário.
Por sua vez, Paulo Simões acrescenta que “mais de 20% de médicos” nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde são recrutados por contrato individual de trabalho, com salários mais elevados aos dos contratados directamente pelo Estado.
Os médicos com contrato individual (Código do Trabalho) começam a carreira a ganhar “entre 2.500 e 3.500 euros”, o que agrava as diferenças salariais entre o pessoal clínico, sublinhou Paulo Simões.
Contactado pelo Diário Económico, o Ministério da Saúde apenas refere que “está a ponderar devidamente as questões” suscitadas pelos sindicatos. A próxima reunião é dia 9 de Fevereiro.
■Denise Fernandes com C.D. DE 21.01.10

EM CIMA DA MESA:
Serviços mínimos a assegurar em caso de greve dos médicos é um dos pontos que ainda vai ser negociado entre sindicatos e Ministério da Saúde.
A adaptação do novo sistema de avaliação de desempenho (SIADAP) aos médicos é outra das matérias que está ainda em cima da mesa. Os sindicatos querem um sistema adaptado às especificidades da carreira.
A negociação sobre o novo sistema de carreiras dos médicos foi fechada, com acordo dos dois sindicatos (SIM e FNAM), ainda na anterior legislatura.

Etiquetas: