OE/09 e as políticas
Médicos vão ter novo regime salarial
Projectos-piloto arrancam no próximo ano.
O Ministério da Saúde vai, já no próximo ano, começar a pagar aos médicos em função da sua produtividade nos hospitais. A medida, que já tinha sido prometida por Correia de Campos, ex-ministro da Saúde, quando chegou ao Governo em 2005, está agora pronta para avançar, depois do teste feito nas Unidades de Saúde Familiares.
A garantia foi deixada pelo secretário de Estado da Saúde que, no Observatório do Diário Económico e da PT Prime sobre a “Modernização do Serviço Nacional de Saúde”, disse já estar em curso “um trabalho de consultoria sobre a implementação deste modelo nos hospitais”. Manuel Pizarro admitiu que, “para avançar ainda nesta legislatura, o tempo já é apertado”, enfatizando que é preciso estudar o modelo antes de avançar. As preocupações do secretário de Estado têm aderência na difícil realidade do SNS: alterar o modelo de remuneração dos médicos é um assunto sensível, e pode ter efeitos indesejados, a começar pelo aumento da despesa do Estado e a terminar no eventual descontentamento dos profissionais.
Ainda assim, “a expectativa é que seja possível, em 2009, lançar alguns projectos-piloto de implementação [deste sistema de remuneração] nos hospitais”. Depois das eleições do próximo ano, será possível “haver uma continuidade de políticas que permita que se passe da experiência-piloto de 2009 para a generalização do modelo, com regras adequadas, nos anos seguintes”, acredita o secretário de Estado.
A polémica em torno de um modelo que pague de forma diferente aos médicos foi sentida logo durante a conferência organizada pelo Diário Económico e pela PT Prime. O presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Rui Lourenço, duvidou da ideia, salientando que “o problema de adequar o desempenho dos médicos ao vencimento é saber se o país pode suportar esse pagamento, e perceber se ele é socialmente justo”.
Já para o presidente da Unidade de Missão que coordena a reforma dos cuidados de saúde primários (os centros de saúde), a medida é bem-vinda porque o diagnóstico está feito: “Pagar por ordenado fixo tem uma consequência conhecida, que é os médicos irem fazendo cada vez menos consultas”. Luís Pisco recorre a um exemplo internacional: “Na Alemanha, como os médicos são pagos por cada procedimento clínico que fazem, os doentes têm muito mais consultas por ano e qualquer consultório tem mais tecnologia disponível que a grande maioria dos centros de saúde em Portugal”. Claro que isto, admitiu Luís Pisco, tem um risco: “A probabilidade de um doente sair de um consultório alemão com um tubo enfiado num sítio qualquer é altíssima”. Isso, concluiu este médico de família, “não é qualidade, porque não é por se fazer mais exames complementares que se é mais bem tratado”.
A garantia foi deixada pelo secretário de Estado da Saúde que, no Observatório do Diário Económico e da PT Prime sobre a “Modernização do Serviço Nacional de Saúde”, disse já estar em curso “um trabalho de consultoria sobre a implementação deste modelo nos hospitais”. Manuel Pizarro admitiu que, “para avançar ainda nesta legislatura, o tempo já é apertado”, enfatizando que é preciso estudar o modelo antes de avançar. As preocupações do secretário de Estado têm aderência na difícil realidade do SNS: alterar o modelo de remuneração dos médicos é um assunto sensível, e pode ter efeitos indesejados, a começar pelo aumento da despesa do Estado e a terminar no eventual descontentamento dos profissionais.
Ainda assim, “a expectativa é que seja possível, em 2009, lançar alguns projectos-piloto de implementação [deste sistema de remuneração] nos hospitais”. Depois das eleições do próximo ano, será possível “haver uma continuidade de políticas que permita que se passe da experiência-piloto de 2009 para a generalização do modelo, com regras adequadas, nos anos seguintes”, acredita o secretário de Estado.
A polémica em torno de um modelo que pague de forma diferente aos médicos foi sentida logo durante a conferência organizada pelo Diário Económico e pela PT Prime. O presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Rui Lourenço, duvidou da ideia, salientando que “o problema de adequar o desempenho dos médicos ao vencimento é saber se o país pode suportar esse pagamento, e perceber se ele é socialmente justo”.
Já para o presidente da Unidade de Missão que coordena a reforma dos cuidados de saúde primários (os centros de saúde), a medida é bem-vinda porque o diagnóstico está feito: “Pagar por ordenado fixo tem uma consequência conhecida, que é os médicos irem fazendo cada vez menos consultas”. Luís Pisco recorre a um exemplo internacional: “Na Alemanha, como os médicos são pagos por cada procedimento clínico que fazem, os doentes têm muito mais consultas por ano e qualquer consultório tem mais tecnologia disponível que a grande maioria dos centros de saúde em Portugal”. Claro que isto, admitiu Luís Pisco, tem um risco: “A probabilidade de um doente sair de um consultório alemão com um tubo enfiado num sítio qualquer é altíssima”. Isso, concluiu este médico de família, “não é qualidade, porque não é por se fazer mais exames complementares que se é mais bem tratado”.
Modernização não é só tecnologia
Uma das principais conclusões que saiu da reunião (que juntou na mesma mesa os presidentes das ARS de Lisboa, Rui Portugal, do Algarve, Rui Lourenço, e zona Centro, João Pimentel, o presidente da Unidade de Missão para a reforma dos centros de saúde, Luís Pisco, o presidente dos Hospitais da Universidade de Coimbra, Fernando Regateiro, e dois responsáveis da PT Prime, Carlos Duarte e Nuno Dias) foi a ideia de que a modernização do SNS não passa só pela aplicação de mais tecnologia na Saúde.
O secretário de Estado da Saúde elencou a reforma dos cuidados primários e continuados (centros de saúde e lares para idosos), a implementação do novo modelo de remuneração e o alargamento do SNS “a novas áreas que anteriormente não eram cobertas”, como as principais áreas de modernização da Saúde. Os responsáveis da PT Prime assinaram por baixo: “A tecnologia é um meio para permitir que a modernização do SNS se faça”.
DE 06.10.08
Uma das principais conclusões que saiu da reunião (que juntou na mesma mesa os presidentes das ARS de Lisboa, Rui Portugal, do Algarve, Rui Lourenço, e zona Centro, João Pimentel, o presidente da Unidade de Missão para a reforma dos centros de saúde, Luís Pisco, o presidente dos Hospitais da Universidade de Coimbra, Fernando Regateiro, e dois responsáveis da PT Prime, Carlos Duarte e Nuno Dias) foi a ideia de que a modernização do SNS não passa só pela aplicação de mais tecnologia na Saúde.
O secretário de Estado da Saúde elencou a reforma dos cuidados primários e continuados (centros de saúde e lares para idosos), a implementação do novo modelo de remuneração e o alargamento do SNS “a novas áreas que anteriormente não eram cobertas”, como as principais áreas de modernização da Saúde. Os responsáveis da PT Prime assinaram por baixo: “A tecnologia é um meio para permitir que a modernização do SNS se faça”.
DE 06.10.08
comentário: Absolutamente essencial para melhorar a produtividade do SNS. E para fazer justiça aos que se fartam de trabalhar. Porque infelizmente há muito pançudo por aqui que não faz nenhum. tambemquero
OE/09 - UMA BOA NOTÍCIA para os DOENTES
O Orçamento que o primeiro-ministro reservou para a Saúde é uma boa notícia para os doentes. Sendo um dos quatro ministérios que viu a dotação aumentar, é expectável que haja folga para acomodar algumas melhorias no relacionamento nem sempre fácil entre os doentes e o seu Serviço Nacional de Saúde. O exemplo mais gritante é, para além da entrada de 80 mil crianças e jovens no plano de saúde oral, o aumento do limite para a despesa do SNS com medicamentos, seja nas farmácias, seja nos hospitais – em ambos os casos o Estado permite-se gastar mais, o que se traduz em mais medicamentos para os doentes.
Por outro lado, a redução de 7.100 camas para 7.000 integradas na rede de cuidados continuados em 2009 (um recuo feito desde domingo) não chega para apagar a nota positiva para o programa, sabendo-se que uma das grandes carências incide no tratamento aos idosos e dependentes.
Para as famílias, portanto, o Orçamento que contempla um aumento de 2,5% na dotação para o SNS (8.100 milhões) e um aumento de 2,4% na despesa total consolidada (8,8 mil milhões) não pode ser recebido como uma má notícia. Essas ficam reservadas para os profissionais do sector: a previsão de despesas com pessoal desce 200 milhões de euros e a margem de comercialização dos medicamentos vai ser revista, de forma a voltar à situação que havia antes das descidas dos preços dos medicamentos. Como o Executivo garante que a factura dos doentes não vai aumentar, isso implica uma consequência: entre a indústria, os distribuidores ou as farmácias, alguém terá a margem de comercialização diminuída.
DE 15.10.08
comentário: O nosso PIB é pequenito...
O erotismo da pergunta não prejudicou a qualidade da resposta.
Há, certamente, PIB mais pequenitos...E quem gaste mais e quem gaste menos em Saúde com melhores e piores resultados.
Tudo está em saber quanto estamos dispostos a gastar.
E qual é a nossa capacidade de melhorar a eficiência dos cuidados.
E, se neste caso, "small insn´t beautiful", tudo depende do nosso jeitinho em manejar o apertado orçamento da Saúde.
O Orçamento que o primeiro-ministro reservou para a Saúde é uma boa notícia para os doentes. Sendo um dos quatro ministérios que viu a dotação aumentar, é expectável que haja folga para acomodar algumas melhorias no relacionamento nem sempre fácil entre os doentes e o seu Serviço Nacional de Saúde. O exemplo mais gritante é, para além da entrada de 80 mil crianças e jovens no plano de saúde oral, o aumento do limite para a despesa do SNS com medicamentos, seja nas farmácias, seja nos hospitais – em ambos os casos o Estado permite-se gastar mais, o que se traduz em mais medicamentos para os doentes.
Por outro lado, a redução de 7.100 camas para 7.000 integradas na rede de cuidados continuados em 2009 (um recuo feito desde domingo) não chega para apagar a nota positiva para o programa, sabendo-se que uma das grandes carências incide no tratamento aos idosos e dependentes.
Para as famílias, portanto, o Orçamento que contempla um aumento de 2,5% na dotação para o SNS (8.100 milhões) e um aumento de 2,4% na despesa total consolidada (8,8 mil milhões) não pode ser recebido como uma má notícia. Essas ficam reservadas para os profissionais do sector: a previsão de despesas com pessoal desce 200 milhões de euros e a margem de comercialização dos medicamentos vai ser revista, de forma a voltar à situação que havia antes das descidas dos preços dos medicamentos. Como o Executivo garante que a factura dos doentes não vai aumentar, isso implica uma consequência: entre a indústria, os distribuidores ou as farmácias, alguém terá a margem de comercialização diminuída.
DE 15.10.08
comentário: O nosso PIB é pequenito...
O erotismo da pergunta não prejudicou a qualidade da resposta.
Há, certamente, PIB mais pequenitos...E quem gaste mais e quem gaste menos em Saúde com melhores e piores resultados.
Tudo está em saber quanto estamos dispostos a gastar.
E qual é a nossa capacidade de melhorar a eficiência dos cuidados.
E, se neste caso, "small insn´t beautiful", tudo depende do nosso jeitinho em manejar o apertado orçamento da Saúde.
saudepe
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