segunda-feira, maio 19, 2008

MCSP,saída de ABS

Incompatibilidade de funções leva à saída de Armando Brito de Sá da MCSP
Foi um «pretexto de ataque à Missão»
Armando Brito de Sá demitiu-se depois da polémica gerada por ter aceite ser consultor da empresa que comercializa o Alert P1. O médico diz que se afastou para «salvaguardar a paz» da MCSP. Para João Semedo, a saída comprova a incompatibilidade das funções.
Armando Brito de Sá parece não ter dúvidas sobre os últimos acontecimentos: «Isto constituiu uma boa oportunidade para a Missão ser atacada.» O médico comentou ao «Tempo Medicina», desta forma, os factos que levaram ao seu pedido de demissão da Missão para os Cuidados de Saúde Primários (MCSP), apresentado no passado dia 12, pouco mais de uma semana depois de a nova equipa ter assumido funções.
No dia 11, a Imprensa generalista divulgou que Armando Brito de Sá iria acumular o cargo da Missão com o de consultor da Alert Life Sciences Computing, a empresa responsável pelo programa informático Alert P1, o que já tinha motivado um requerimento do Bloco de Esquerda. O texto, a que o «TM» teve acesso, diz que a situação «conflitua com os princípios que regem a administração pública, nomeadamente o respeito pela transparência, isenção e imparcialidade que é exigível a todos os que nela trabalham», e acrescenta que a prestação de consultadoria à Alert «por parte de um membro da MCSP envolve um evidente conflito de interesses».
Para Armando Brito de Sá, o facto de ter aceite ser consultor constituiu um «bom pretexto de ataque» à MCSP e, por isso, entendeu que «a atitude mais correcta» era afastar-se da equipa, no sentido de «salvaguardar a paz e tranquilidade da Missão» e mantê-la «protegida do ruído de fundo» nada benéfico para a sua actividade.
Na conversa com o nosso Jornal, o clínico continuou a dizer que o seu lugar na estrutura ministerial não entra em conflito com o papel de consultor na Alert. «O conteúdo da minha actividade na Missão era a formação. Além disso, a MCSP não tem qualquer influência na aquisição de equipamento informático, limitando-se a dar pareceres, no sentido de dizer se estão em condições para entrar no mercado», explicou.

Interesse «em desencadear o fenómeno»
O médico relatou ao «TM» que os acontecimentos foram desencadeados quando comunicou «nas redes de Medicina Geral e Familiar na internet» que tinha aceite o convite da Alert Life Sciences Computing, lembrando que o fez por estar convencido de que as duas funções são compatíveis.
Todavia, reconheceu que tinha «a perfeita noção de que qualquer comunicação deste género facilmente seria passada para o exterior da rede». O que veio realmente a suceder, porque, segundo o ex-membro da MCSP, existem pessoas «dentro da rede interessadas em proceder à divulgação e desencadear o que aconteceu».
A criação deste tipo de «fait-divers» com o objectivo de «perturbar a actividade da Missão» reforça, para Armando Brito de Sá, «a convicção de que a MCSP está a fazer o trabalho que é suposto fazer e isso é naturalmente incómodo».
Em relação a esta situação, o coordenador da estrutura apenas lamentou a saída, lembrando que Armando Brito de Sá «tem dado uma excelente colaboração à Missão». Luís Pisco não quis adiantar ao «TM» se já tinha um nome pensado para o lugar deixado vago na equipa, mas garantiu que o assunto seria resolvido no espaço de dias.

Saída «é a confirmação» da incompatibilidade
João Semedo, deputado do Bloco de Esquerda (BE), disse ao nosso Jornal ter outra opinião sobre a demissão de Brito de Sá. Para o autor do requerimento do BE, «a rapidez com que o membro da Missão se demitiu é a confirmação de que a situação não era legítima e que era geradora de equívocos».
Para o deputado, «é claro» que um representante da MCSP «não pode simultaneamente servir a reforma dos cuidados de saúde primários e o Ministério que a tutela e, ao mesmo tempo, prestar serviços para a empresa que fornece equipamentos e programas informáticos exactamente a esse Ministério».
Rita Vassal , TEMPO MEDICINA 19.05.08

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