Hospital dos Lusíadas
Um hospital privado com visão
Unidade do Grupo Caixa Geral de Depósitos vai oferecer operações às cataratas aos doentes mais necessitados
Unidade do Grupo Caixa Geral de Depósitos vai oferecer operações às cataratas aos doentes mais necessitados
Choca-o o facto de haver portugueses que têm de ir a Cuba para recuperarem a visão. Por isso, Maldonado Gonelha, que lidera há apenas um mês a HPP-Hospitais Privados de Portugal, vai colocar à disposição do Estado uma bolsa de cirurgias às cataratas, que só se esgota quando não houver procura. As operações serão realizadas na mais recente unidade do grupo privado de saúde controlado pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), o Hospital dos Lusíadas.
Não quer parecer um “nacionalista serôdio”, mas não podia ficar de braços cruzados quando há pessoas a deslocarem-se ao estrangeiro para se tratarem, sendo a oftalmologia uma das áreas de referência do Hospital dos Lusíadas. Além disso, a HPP vai oferecer a operação aos doentes “mais necessitados”, revelou ao Expresso o novo presidente do Conselho de Administração da empresa.
Ainda não falou sobre o assunto com a ministra da Saúde, Ana Jorge, porque se trata de “uma decisão muito fresca”. Mas garante que o hospital tem capacidade para operar “um número significativo de doentes, pelo menos superior ao total de pessoas que já viajaram até Cuba”. Quanto ao custo que terão de suportar, o ex-ministro da Saúde de Mário Soares é peremptório: “Assisto a campanhas publicitárias com certeza mais caras”.
A esta intenção soma-se a disponibilidade para ajudar o Estado nas listas de espera da Saúde através de um acordo com o Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC).
Depois dos hospitais da Luz (Espírito Santo Saúde) e Cuf Descobertas (José de Mello Saúde), a unidade do grupo Caixa confirma a aposta séria que os grupos empresariais estão a fazer no mercado português - a reboque do crescimento dos seguros de saúde. Mas, mais do que ser um dos maiores hospitais privados do país, os Lusíadas assinalam um ponto de viragem na HPP. A vinda de Maldonado Gonelha, ex-vice-presidente da CGD, para a empresa que gere os hospitais detidos pelo banco público é a prova disso. Além do Hospital dos Lusíadas - que absorveu o Hospital Privado de Ortopedia, que ficava no Bairro Alto -, a HPP também concluiu recentemente o Hospital da Boavista, no Porto. E já está a construir o novo Hospital de Cascais, que lhe foi adjudicado pelo Estado em regime de parceria público-privada. Somado, o investimento nas duas novas unidades privadas ascende a €150 milhões. Para se ter noção da dimensão do salto que a HPP dá em termos de capacidade basta olhar para o número de camas que passam das actuais 230 para cerca de 400. Um total que subirá às 610 quando a unidade de Cascais estiver pronta, daqui a dois anos.
O Hospital dos Lusíadas está a funcionar desde meados de Fevereiro apenas para os utentes do antigo hospital ortopédico e as portas serão abertas aos restantes clientes a partir de 19 de Maio. Apesar de generalista, a unidade quer ser uma referência em áreas que foram determinadas com base na avaliação da procura e do posicionamento da concorrência: além da ortopedia/traumatologia e oftalmologia, as grandes apostas são a obstetrícia, ginecologia, pediatria, doenças cardiovasculares, oncologia e o atendimento urgente. O retorno do investimento de €85 milhões está previsto dentro de seis a oito anos, altura em que o hospital deverá estar a facturar €100 milhões por ano. Anexo ao terreno ocupado pelo hospital estão 10 mil m2 a aguardar pela licença da Câmara Municipal de Lisboa, necessária para ter início a construção de um complexo de residências com assistência médica - um projecto em parceria com o grupo hoteleiro Pestana que deverá custar entre 10 a €15 milhões.
Quanto ao desafio de Cascais, a HPP já investiu €44,2 milhões no capital social do hospital e aguarda, “com alguma apreensão” devido à demora, o visto do Tribunal de Contas para arrancar com o recrutamento das equipas.
Ana Sofia Santos, semanário expresso, edição n.º 1852, 25.04.08
Não quer parecer um “nacionalista serôdio”, mas não podia ficar de braços cruzados quando há pessoas a deslocarem-se ao estrangeiro para se tratarem, sendo a oftalmologia uma das áreas de referência do Hospital dos Lusíadas. Além disso, a HPP vai oferecer a operação aos doentes “mais necessitados”, revelou ao Expresso o novo presidente do Conselho de Administração da empresa.
Ainda não falou sobre o assunto com a ministra da Saúde, Ana Jorge, porque se trata de “uma decisão muito fresca”. Mas garante que o hospital tem capacidade para operar “um número significativo de doentes, pelo menos superior ao total de pessoas que já viajaram até Cuba”. Quanto ao custo que terão de suportar, o ex-ministro da Saúde de Mário Soares é peremptório: “Assisto a campanhas publicitárias com certeza mais caras”.
A esta intenção soma-se a disponibilidade para ajudar o Estado nas listas de espera da Saúde através de um acordo com o Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC).
Depois dos hospitais da Luz (Espírito Santo Saúde) e Cuf Descobertas (José de Mello Saúde), a unidade do grupo Caixa confirma a aposta séria que os grupos empresariais estão a fazer no mercado português - a reboque do crescimento dos seguros de saúde. Mas, mais do que ser um dos maiores hospitais privados do país, os Lusíadas assinalam um ponto de viragem na HPP. A vinda de Maldonado Gonelha, ex-vice-presidente da CGD, para a empresa que gere os hospitais detidos pelo banco público é a prova disso. Além do Hospital dos Lusíadas - que absorveu o Hospital Privado de Ortopedia, que ficava no Bairro Alto -, a HPP também concluiu recentemente o Hospital da Boavista, no Porto. E já está a construir o novo Hospital de Cascais, que lhe foi adjudicado pelo Estado em regime de parceria público-privada. Somado, o investimento nas duas novas unidades privadas ascende a €150 milhões. Para se ter noção da dimensão do salto que a HPP dá em termos de capacidade basta olhar para o número de camas que passam das actuais 230 para cerca de 400. Um total que subirá às 610 quando a unidade de Cascais estiver pronta, daqui a dois anos.
O Hospital dos Lusíadas está a funcionar desde meados de Fevereiro apenas para os utentes do antigo hospital ortopédico e as portas serão abertas aos restantes clientes a partir de 19 de Maio. Apesar de generalista, a unidade quer ser uma referência em áreas que foram determinadas com base na avaliação da procura e do posicionamento da concorrência: além da ortopedia/traumatologia e oftalmologia, as grandes apostas são a obstetrícia, ginecologia, pediatria, doenças cardiovasculares, oncologia e o atendimento urgente. O retorno do investimento de €85 milhões está previsto dentro de seis a oito anos, altura em que o hospital deverá estar a facturar €100 milhões por ano. Anexo ao terreno ocupado pelo hospital estão 10 mil m2 a aguardar pela licença da Câmara Municipal de Lisboa, necessária para ter início a construção de um complexo de residências com assistência médica - um projecto em parceria com o grupo hoteleiro Pestana que deverá custar entre 10 a €15 milhões.
Quanto ao desafio de Cascais, a HPP já investiu €44,2 milhões no capital social do hospital e aguarda, “com alguma apreensão” devido à demora, o visto do Tribunal de Contas para arrancar com o recrutamento das equipas.
Ana Sofia Santos, semanário expresso, edição n.º 1852, 25.04.08
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