terça-feira, fevereiro 05, 2008

Nova equipa na Saúde

nova prática política?

Na ausência de um plano estratégico explicito para a Saúde, Correia de Campos aplicou um conjunto diversificado de medidas que puseram em causa o SNS e prejudicaram as populações, fragilizaram os médicos e romperam com a organização das carreiras médicas, prometeram melhorar a Saúde e o acesso aos cuidados de saúde e não alcançaram nem um nem outro objectivo. Perante tal ofensiva política, a resposta das populações e dos profissionais de saúde, incluindo os médicos, foi persistente, coerente e finalmente efectiva. Esta política de Saúde desastrosa sofreu uma derrota significativa -- o que não invalida que muitos dos seus efeitos perversos continuem a penalizar os médicos e as populações.
Confirma-se que é possível derrotar a intransigência, a auto-suficiência e a falta de fundamento, e não só falta de comunicação, de políticas de Saúde contrárias aos seus obreiros e seus beneficiários, mesmo em situações de poder político maioritário. Estes ensinamentos são relevantes para ler este pequeno novo ciclo da política de Saúde em vésperas de novas eleições.
A colega Ana Jorge, ao assumir a responsabilidade do novo gabinete do Ministério da Saúde com o secretário de Estado Adjunto, também médico, rompeu com um mau hábito recente de excluir os médicos da administração central. Com médicos como interlocutores é possível dialogar e participar mais no processo da organização e planificação da Saúde. Com a colega Ana Jorge vai ser possível reforçar as reivindicações de renovação em progresso do SNS, a renovação das carreiras médicas com a revalorização do trabalho médico, em particular dos jovens. Com a colega Ana Jorge vai ser possível defender a saúde materno-infantil, o Plano Nacional de Saúde e os ganhos em saúde.
Sim: vai ser possível desenvolver em melhores condições o processo reivindicativo por uma melhor organização do SNS que respeite os direitos das populações, dos doentes e dos profissionais de saúde.
Quanto aos resultados, como a experiência mostra, esses vão depender da capacidade de reflexão, prepositura e mobilização dos médicos. Pela nossa parte, como Movimento Alternativo para a Ordem dos Médicos, sem falsas expectativas, tudo faremos para contribuir para as mudanças necessárias, desejando que a colega e amiga Ana Jorge e a sua equipa tenham a clarividência e a força necessárias para renovar a esperança do direito à saúde e do SNS constitucional.
Carlos Santos Silva, Ex-candidato a bastonário

TEMPO MEDICINA on line, 04 .02.08