Empresa conquista informática
Sem concurso
Várias aplicações informáticas da Alert têm sido adquiridas por ajuste directo, apesar de implicarem o gasto de milhões de euros .
O coordenador da Unidade de Missão para os Cuidados Primários diz que o que está a acontecer "é uma trapalhada" .
A empresa privada que está a tomar conta de uma vasta área da informática na saúde ainda não ganhou qualquer concurso público, segundo admitiu ao PÚBLICO o responsável pela Alert Life Sciences Computing, Jorge Guimarães. Várias aplicações Alert têm sido adquiridas pelo Ministério da Saúde e por hospitais por ajuste directo, apesar de implicarem o gasto de milhões de euros. A dispensa de concurso público acontece porque a Alert está representada na central de compras do Estado através de uma outra empresa, a Normatica, explica Jorge Guimarães.
O nome da Alert LSC (ex-Médicos na Internet) voltou à ribalta depois de o Correio da Manhã ter adiantado ontem que médicos de 38 unidades de saúde familiar (USF) criticam a aplicação desenvolvida pela empresa para facilitar a marcação de primeiras consultas de especialidade nos hospitais.
Trata-se do Alert P1, um programa que custou sete milhões de euros ao ministério e que Jorge Guimarães diz já estar "implementado em quase todos os hospitais [87] e em 316 centros de saúde". A aplicação visa dar suporte ao projecto Consulta a Tempo e Horas, a única medida da saúde prevista no Simplex. Para já, porém, está a revelar-se complexa para muitos médicos, que se queixam da "interoperabilidade com outras aplicações em curso nos centros de saúde" (SAM, Medicine One e VitaCare). Estas críticas foram expressas numa carta subscrita por 38 USF e envida para a Unidade de Missão para os Cuidados de Saúde Primários, que coordena estas equipas.
"É um bocado absurdo haver um programa informático que não aproveita as coisas que já existem. É natural que o Alert não tenha interesse em facilitar a vida aos concorrentes", diz o coordenador da Unidade de Missão, Luís Pisco, que mesmo assim desdramatiza a situação, frisando que os médicos que agora criticam este sistema "não tinham nada" há dois anos e meio. "O que teria lógica era um programa integrado que fizesse tudo. Só que o que está a acontecer é que se está a mudar o pneu do carro com o carro em andamento. É uma trapalhada", lamenta.
Trata-se do Alert P1, um programa que custou sete milhões de euros ao ministério e que Jorge Guimarães diz já estar "implementado em quase todos os hospitais [87] e em 316 centros de saúde". A aplicação visa dar suporte ao projecto Consulta a Tempo e Horas, a única medida da saúde prevista no Simplex. Para já, porém, está a revelar-se complexa para muitos médicos, que se queixam da "interoperabilidade com outras aplicações em curso nos centros de saúde" (SAM, Medicine One e VitaCare). Estas críticas foram expressas numa carta subscrita por 38 USF e envida para a Unidade de Missão para os Cuidados de Saúde Primários, que coordena estas equipas.
"É um bocado absurdo haver um programa informático que não aproveita as coisas que já existem. É natural que o Alert não tenha interesse em facilitar a vida aos concorrentes", diz o coordenador da Unidade de Missão, Luís Pisco, que mesmo assim desdramatiza a situação, frisando que os médicos que agora criticam este sistema "não tinham nada" há dois anos e meio. "O que teria lógica era um programa integrado que fizesse tudo. Só que o que está a acontecer é que se está a mudar o pneu do carro com o carro em andamento. É uma trapalhada", lamenta.
Jorge Guimarães admite que o Alert P1 custou sete milhões de euros mas diz que, deste total, apenas dois milhões foram para o licenciamento. O resto foi para a formação de 12.200 pessoas e outros custos. Garante ainda que o Alert P1 não é incompatível com os outros sistemas informáticos instalados nos centros de saúde e hospitais, frisando que os problemas serão ultrapassados quando o processo estiver terminado - ainda está em curso a segunda fase.
Críticas nas urgências .
Não é a primeira vez, porém, que os programas informáticos desenvolvidos pela Alert suscitam críticas. A aplicação da empresa em várias urgências hospitalares (AlertER) tem sido seguida de reparos por parte de muitos médicos. O certo é que está já instalada em mais de 50 por cento das urgências hospitalares (39), nota Jorge Guimarães, sublinhando que também "há muitos médicos que adoram o Alert".
Críticas nas urgências .
Não é a primeira vez, porém, que os programas informáticos desenvolvidos pela Alert suscitam críticas. A aplicação da empresa em várias urgências hospitalares (AlertER) tem sido seguida de reparos por parte de muitos médicos. O certo é que está já instalada em mais de 50 por cento das urgências hospitalares (39), nota Jorge Guimarães, sublinhando que também "há muitos médicos que adoram o Alert".
Ontem, o Bloco de Esquerda (BE) aproveitou para voltar a apresentar um requerimento no qual pergunta por que razão o ministério optou por um fornecedor de software clínico privado, sem realizar concurso público. Já no ano passado tinha apresentado um requerimento, mas o Ministério da Saúde não respondeu.
João Semedo, do BE, recorda a propósito o protocolo que, em Agosto de 2005, o ministério, através do antigo Instituto de Gestão Informática e da Saúde, assinou com a Alert LSC, estabelecendo para os hospitais públicos condições mais favoráveis na aquisição deste software do que as que seriam obtidas se o fornecimento fosse efectuado de forma isolada, hospital a hospital. Mas estipulava uma condição: a de que houvesse um mínimo de 55 hospitais do SNS a aderir até 31 de Dezembro de 2006.
João Semedo, do BE, recorda a propósito o protocolo que, em Agosto de 2005, o ministério, através do antigo Instituto de Gestão Informática e da Saúde, assinou com a Alert LSC, estabelecendo para os hospitais públicos condições mais favoráveis na aquisição deste software do que as que seriam obtidas se o fornecimento fosse efectuado de forma isolada, hospital a hospital. Mas estipulava uma condição: a de que houvesse um mínimo de 55 hospitais do SNS a aderir até 31 de Dezembro de 2006.
O preço da suite de software Alert ER por cada hospital seria então de 206 mil euros mais IVA (a actualizar todos os anos) e para o acompanhamento fixava-se um montante mensal de 10.500 euros nos primeiros três meses e 13.500 euros nos meses subsequentes. Haveria ainda um gasto anual (para a prestação de serviços de manutenção) correspondente a 20 por cento do valor da suite de software.
Um preço demasiado caro, segundo os detractores do Alert. Mas Jorge Guimarães responde com uma pergunta: "Quanto custaria ao Estado o desenvolvimento deste tipo de software?" E sublinha que os hospitais gastam "menos de um por cento" do seu orçamento em sistemas de informação.
Um preço demasiado caro, segundo os detractores do Alert. Mas Jorge Guimarães responde com uma pergunta: "Quanto custaria ao Estado o desenvolvimento deste tipo de software?" E sublinha que os hospitais gastam "menos de um por cento" do seu orçamento em sistemas de informação.
JP, 26.01.08
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