Urgências, encerramentos
Urgência do hospital de Peso da Régua encerra hoje, é a quarta a fechar no país
Fecham igualmente hoje três SAP no distrito de Vila Real. Em Vila Pouca de Aguiar está marcada uma concentração em frente ao centro de saúde
O bloco de partos da Unidade Hospitalar de Chaves, que faz parte do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, também vai encerrar a partir da meia-noite de hoje. Quem o diz é a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, que ontem enviou uma nota de imprensa ao PÚBLICO. A população do Alto Tâmega está a receber a notícia com indignação e pondera acções de luta conjuntas.
"O encerramento do bloco de partos de Chaves está a criar uma forte indignação na população e poderão surgir acções de luta conjuntas", afirmou ao PÚBLICO o presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Domingos Dias.
Segundo a ARS do Norte, "ficou salvaguardado que o acompanhamento de grávidas continuaria a ser efectuado, quer pelos próprios médicos de família, quer pelos médicos obstetras da Unidade Hospitalar de Chaves". "Isto é: exactamente nos moldes e à semelhança da prática que vinha sendo desenvolvida, enquanto o serviço de urgência de Ginecologia e Obstetrícia e o bloco de partos passariam a funcionar na Unidade de Vila Real do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro."
AARS insiste ainda que foram feitas várias reuniões entre os conselhos de administração e os responsáveis pelos serviços de ginecologia, obstetrícia e pediatria do centro hospitalar e as direcções dos centros de saúde locais e o Instituto Nacional de Emergência Médica.
a A partir da meia-noite de hoje encerra o serviço de urgência do Hospital de S. Luís I - Peso da Régua, o quarto a fechar este ano. Inicialmente o ministro da Saúde, Correia de Campos, previa cerrar portas de 15 urgências até final de Dezembro, mas o processo atrasou-se. Hoje deixam de funcionar igualmente três serviços de atendimento permanentes, que funcionam durante a noite nos centros de saúde de Alijó, Murça e Vila Pouca de Aguiar. O anúncio foi feito pela Administração Regional de Saúde do Norte, numa nota enviada ontem ao PÚBLICO.
A decisão do Ministério da Saúde é contestada pelas quatro autarquias, com a de Alijó e a de Vila Pouca de Aguiar a sublinharem que à noite haverá no seu concelho pessoas que ficarão a mais de uma hora de um serviço de saúde. Em Vila Pouca de Aguiar já está marcada uma concentração para hoje, às 19h00, em frente ao centro de saúde.
As três unidades de cuidados primários do distrito de Vila Real vão passar a funcionar até às 24h00 nos dias úteis e aos fins-de-semanas e feriados até às 20h00. Para compensar o encerramento da urgência hospitalar de Peso da Régua, o centro de saúde local passará a funcionar com o horário alargado dos outros. Actualmente estava fechado à noite e aos fins-de-semanas e feriados.
Reforma de encerramentos
A Ordem dos Médicos (OM) lamenta que a reforma das urgências seja feita apenas de encerramentos. "Não há requalificação, nem abertura dos novos postos como propôs a comissão técnica que estudou este processo", diz José Manuel Silva, presidente em exercício da OM. O médico está preocupado com a resposta das urgências que acumulam o serviço das unidades que encerram. "Não foi avaliado o impacte do afluxo adicional de doentes nas urgências que se mantém, que ficam sobrelotadas o que traz óbvias consequências negativas para os doentes", realça.
O fecho de Peso da Régua é justificado pela comissão técnica porque não dispõe dos 150 utentes diários recomendáveis e fica "demasiado perto" da urgência de Vila Real. Em Setembro o Ministério da Saúde veio dizer num comunicado que a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) aconselhava o encerramento do serviço depois de ter analisado o caso de um doente que lá morreu a 24 de Julho.
A IGAS concluiu que este "não dispõe nem de equipamentos nem de recursos humanos indispensáveis à assistência em urgência/emergência".
O social-democrata José Gonçalves, vice-presidente da autarquia de Peso da Régua, acredita que o município devia ter uma urgência básica e garante que havia condições físicas. "Foi feita uma requalificação de 750 mil euros no hospital há três anos", sublinha. "Faltavam recursos humanos, mas isso cabe ao ministério assegurar", argumenta. E remata: "A população é que sai a perder e o desenvolvimento turístico também."
Populações ficam mais longe
Em Vila Pouca de Aguiar ninguém baixou os braços. A comissão criada para defender as urgências do concelho, onde estão representados todos os partidos, esteve reunida e foi marcada uma concentração. "Repudiamos esta atitude unilateral do sr. ministro", diz o presidente da câmara, Domingos Dias. "Queremos um reforço de meios, mas até agora só ouvimos intenções. A verdade é que temos pessoas que estão a mais de uma hora das viaturas de emergência médica e reanimação (VMER) mais próximas", alega. "Aqui as VMER só virão confirmar os óbitos."
O autarca socialista de Alijó, Artur Cascarejo, realça que a sede do concelho está a 45 minutos do hospital de Vila Real, e que algumas zonas estão a mais de uma hora. "Estou muito preocupado", afirma o presidente da câmara. "Com isto", queixa-se, "acelera-se o processo de desertificação e prejudica-se a fortíssima aposta que estamos a fazer no turismo". O autarca acredita que a distância justificaria a criação de um serviço de urgência básico no concelho e tem dúvidas sobre a resposta que Vila Real dará. "A urgência já é normalmente caótica, será que vai aguentar a sobrecarga?"
O presidente do município de Murça, o socialista João Fernandes, também discorda da medida. "Perdemos, mas conseguimos alguns minímos. Inicialmente o centro de saúde estaria aberto só até às 22h e fechado ao fim-de-semana."
JP, 27.12.07
Fecham igualmente hoje três SAP no distrito de Vila Real. Em Vila Pouca de Aguiar está marcada uma concentração em frente ao centro de saúde
O bloco de partos da Unidade Hospitalar de Chaves, que faz parte do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, também vai encerrar a partir da meia-noite de hoje. Quem o diz é a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, que ontem enviou uma nota de imprensa ao PÚBLICO. A população do Alto Tâmega está a receber a notícia com indignação e pondera acções de luta conjuntas.
"O encerramento do bloco de partos de Chaves está a criar uma forte indignação na população e poderão surgir acções de luta conjuntas", afirmou ao PÚBLICO o presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Domingos Dias.
Segundo a ARS do Norte, "ficou salvaguardado que o acompanhamento de grávidas continuaria a ser efectuado, quer pelos próprios médicos de família, quer pelos médicos obstetras da Unidade Hospitalar de Chaves". "Isto é: exactamente nos moldes e à semelhança da prática que vinha sendo desenvolvida, enquanto o serviço de urgência de Ginecologia e Obstetrícia e o bloco de partos passariam a funcionar na Unidade de Vila Real do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro."
AARS insiste ainda que foram feitas várias reuniões entre os conselhos de administração e os responsáveis pelos serviços de ginecologia, obstetrícia e pediatria do centro hospitalar e as direcções dos centros de saúde locais e o Instituto Nacional de Emergência Médica.
a A partir da meia-noite de hoje encerra o serviço de urgência do Hospital de S. Luís I - Peso da Régua, o quarto a fechar este ano. Inicialmente o ministro da Saúde, Correia de Campos, previa cerrar portas de 15 urgências até final de Dezembro, mas o processo atrasou-se. Hoje deixam de funcionar igualmente três serviços de atendimento permanentes, que funcionam durante a noite nos centros de saúde de Alijó, Murça e Vila Pouca de Aguiar. O anúncio foi feito pela Administração Regional de Saúde do Norte, numa nota enviada ontem ao PÚBLICO.
A decisão do Ministério da Saúde é contestada pelas quatro autarquias, com a de Alijó e a de Vila Pouca de Aguiar a sublinharem que à noite haverá no seu concelho pessoas que ficarão a mais de uma hora de um serviço de saúde. Em Vila Pouca de Aguiar já está marcada uma concentração para hoje, às 19h00, em frente ao centro de saúde.
As três unidades de cuidados primários do distrito de Vila Real vão passar a funcionar até às 24h00 nos dias úteis e aos fins-de-semanas e feriados até às 20h00. Para compensar o encerramento da urgência hospitalar de Peso da Régua, o centro de saúde local passará a funcionar com o horário alargado dos outros. Actualmente estava fechado à noite e aos fins-de-semanas e feriados.
Reforma de encerramentos
A Ordem dos Médicos (OM) lamenta que a reforma das urgências seja feita apenas de encerramentos. "Não há requalificação, nem abertura dos novos postos como propôs a comissão técnica que estudou este processo", diz José Manuel Silva, presidente em exercício da OM. O médico está preocupado com a resposta das urgências que acumulam o serviço das unidades que encerram. "Não foi avaliado o impacte do afluxo adicional de doentes nas urgências que se mantém, que ficam sobrelotadas o que traz óbvias consequências negativas para os doentes", realça.
O fecho de Peso da Régua é justificado pela comissão técnica porque não dispõe dos 150 utentes diários recomendáveis e fica "demasiado perto" da urgência de Vila Real. Em Setembro o Ministério da Saúde veio dizer num comunicado que a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) aconselhava o encerramento do serviço depois de ter analisado o caso de um doente que lá morreu a 24 de Julho.
A IGAS concluiu que este "não dispõe nem de equipamentos nem de recursos humanos indispensáveis à assistência em urgência/emergência".
O social-democrata José Gonçalves, vice-presidente da autarquia de Peso da Régua, acredita que o município devia ter uma urgência básica e garante que havia condições físicas. "Foi feita uma requalificação de 750 mil euros no hospital há três anos", sublinha. "Faltavam recursos humanos, mas isso cabe ao ministério assegurar", argumenta. E remata: "A população é que sai a perder e o desenvolvimento turístico também."
Populações ficam mais longe
Em Vila Pouca de Aguiar ninguém baixou os braços. A comissão criada para defender as urgências do concelho, onde estão representados todos os partidos, esteve reunida e foi marcada uma concentração. "Repudiamos esta atitude unilateral do sr. ministro", diz o presidente da câmara, Domingos Dias. "Queremos um reforço de meios, mas até agora só ouvimos intenções. A verdade é que temos pessoas que estão a mais de uma hora das viaturas de emergência médica e reanimação (VMER) mais próximas", alega. "Aqui as VMER só virão confirmar os óbitos."
O autarca socialista de Alijó, Artur Cascarejo, realça que a sede do concelho está a 45 minutos do hospital de Vila Real, e que algumas zonas estão a mais de uma hora. "Estou muito preocupado", afirma o presidente da câmara. "Com isto", queixa-se, "acelera-se o processo de desertificação e prejudica-se a fortíssima aposta que estamos a fazer no turismo". O autarca acredita que a distância justificaria a criação de um serviço de urgência básico no concelho e tem dúvidas sobre a resposta que Vila Real dará. "A urgência já é normalmente caótica, será que vai aguentar a sobrecarga?"
O presidente do município de Murça, o socialista João Fernandes, também discorda da medida. "Perdemos, mas conseguimos alguns minímos. Inicialmente o centro de saúde estaria aberto só até às 22h e fechado ao fim-de-semana."
JP, 27.12.07
Documentos:
1.- Posição da ANMP link ; 2. - Relatório final CTAPRU link ; 3. - Posição ministro link ; 4. - Comunicado da CTAPRU link ; 5. - Despacho n.o 727/2007 link 6. - Protocolos CC com autarcas link ; 7. - Comunicados CTAPRU link link link
Etiquetas: Urgências
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