domingo, junho 10, 2007

Não está encerrada

Ministério da Saúde diz que transferência do IPO para Oeiras "não está encerrada"

Cartaxo anunciou ontem que também poderá disponibilizar terreno para erguer de raiz a nova unidade para tratamento de cancro

O Ministério da Saúde garante que o processo de transferência do Instituto Português de Oncologia de Lisboa (IPO) para um novo local "não está encerrado", mas não desmente que o terreno disponibilizado gratuitamente em Leceia pela Câmara de Oeiras seja o local escolhido para erguer a unidade. Depois de o presidente da autarquia, Isaltino Morais, ter anunciado que obteve luz verde do Executivo para ali instalar o IPO, é a vez de a Câmara do Cartaxo dizer que também tem terreno disponível.
"O ministério não tem condições para anunciar nada, porque o processo não está encerrado." Foi assim que o assessor de imprensa da tutela, Carlos Pires, reagiu às declarações do autarca de Oeiras, que afirmou ter recebido "resposta favorável" do Executivo à construção do IPO em Leceia. Isaltino de Morais disse que as negociações para a compra do terreno por 12,5 milhões de euros "estão em fase de conclusão", acrescentando que o cancelamento do projecto só ocorrerá se existir "uma mudança de opinião no Governo".
O anúncio, feito em plena corrida à Câmara de Lisboa, causou mal-estar no PS e mereceu críticas do candidato socialista à autarquia. António Costa afirmou ter esperança de que a transferência do IPO para Oeiras "não seja irreversível", lamentando que a Câmara de Lisboa "não tenha sido capaz de disponibilizar os 12 hectares necessários à [sua] instalação".
Ontem o presidente da Câmara do Cartaxo, o socialista Paulo Caldas, anunciou também ter um terreno para albergar um novo IPO. Paulo Caldas disse à Lusa que enviará ao ministro da Saúde uma carta explicando a disponibilidade do concelho para acolher as instalações do IPO, com vantagens competitivas em relação a Leceia.
Segundo o autarca, ao contrário de Oeiras, a autarquia pode disponibilizar 12 hectares de terreno de forma quase imediata, se o projecto for considerado de interesse nacional, permitindo ultrapassar a burocracia na aprovação do projecto Valley Parque. O terreno em causa insere-se nos 15 hectares destinados a um "parque de ciência e tecnologia", com fácil acesso por se localizar junto ao nó de ligação à A1.
A construção de raiz de um complexo para albergar o IPO de Lisboa - que faz anualmente 170 mil consultas e recebe também doentes do Alentejo, Algarve e regiões autónomas - foi anunciada há quase um ano pelo ministro da Saúde, Correia de Campos, justificando essa necessidade com a degradação e limitações do actual local.
O presidente do conselho de administração do IPO, Ricardo Luz, diz que a construção de um novo hospital de raiz é urgente e a solução mais viável para a unidade, que quer afirmar-se como centro de referência conjugando não só o tratamento clínico, radioterapia e cirurgia, mas também a investigação e ensino. "As instalações estão degradadas, com unidades a funcionarem em edifícios com 80 anos, e não estão adequadas à evolução no tratamento oncológico, cada vez mais feito em ambulatório", adianta. Não podendo fechar o IPO, as enormes obras necessárias teriam custos muito elevados e arrastar-se-iam no tempo.
A construção de raiz de um complexo para albergar o IPO de Lisboa foi anunciada há um ano por Correia de Campos .
JP 09.06.07