Apetece-me dizer bem
Há em Portugal iniciativas e projectos que nos satisfazem e nos dão algum orgulho de sermos portugueses
Apetece-me dizer bem. E apetece-me dizer bem das coisas mais diversas, porque da política à economia, da educação à saúde, da investigação científica às empresas é possível que cada um de nós se cruze em Portugal com iniciativas, com projectos ou com meras rotinas que nos satisfazem e nos dão algum orgulho de sermos portugueses.
Apetece-me dizer bem das universidades, onde hoje se doutoram mais de 1200 jovens que estão a criar massas críticas qualificadas nas mais diversas áreas científicas, mas também dizer bem dos nossos investigadores que estão a publicar, em revistas internacionais de referência, mais de quatro mil artigos por ano resultantes de projectos realizados em instituições portuguesas.
Apetece-me dizer bem do modo como está a processar-se o relacionamento institucional entre o senhor Presidente da República e o senhor primeiro-ministro.
Apetece-me dizer bem da rede de estradas e auto-estradas que tornaram o país mais "curto" e mais coeso.
Apetece-me dizer bem do Nicolau Santos que decidiu ser um dos primeiros jornalistas a não dizer só mal de tudo e de todos.
Apetece-me dizer bem de muitos dos nossos escritores, como o António Lobo Antunes, a Lídia Jorge, o Miguel Sousa Tavares, a Agustina Bessa-Luís, o Vasco Graça Moura e tantos outros que me dão horas e horas de leitura admirável.
Apetece-me dizer bem dos novos projectos de energias renováveis.
Apetece-me dizer bem dos autarcas que recuperaram os centros das suas cidades como ocorreu em Castelo Branco, Viseu, Bragança, Évora, Aveiro, Viana do Castelo, Alcobaça ou Vila Nova de Gaia (isto para citar apenas as que visitei mais recentemente).
Apetece-me dizer bem dos restaurantes da Praia das Maçãs e das Azenhas do Mar onde se come um peixe fantástico.
Apetece-me dizer bem das cientistas e dos cientistas que têm ganho diversos prémios internacionais.
Apetece-me dizer bem da selecção nacional de futebol e do Cristiano Ronaldo, do Figo, do Tiago, do Quaresma, do Simão e do Moutinho, que são jogadores que podem jogar em qualquer grande equipa de futebol do mundo.
Apetece-me dizer bem dos últimos dados sobre o crescimento acentuado dos índices de leitura.
Apetece-me dizer bem daqueles médicos e enfermeiros que todos os dias lidam com milhares e milhares de doentes nos hospitais e que os tratam e curam como em qualquer país avançado.
Apetece-me dizer bem da larga maioria dos professores que educam e formam as nossas crianças e os nossos adolescentes, muitas vezes enfrentando problemas para que não foram sequer preparados.
Apetece-me dizer bem do meu banco e do meu gestor de conta que é de uma eficácia total e resolve todos os problemas pelo telefone.
Apetece-me dizer bem da Valquíria que o S. Carlos levou à cena e que foi uma das grandes óperas que vi na minha vida.
Apetece-me dizer bem das rádios quando informam sem nos massacrar e sem nos obrigar a ouvir as lamúrias dos contestatários das políticas governamentais.
Apetece-me dizer bem das empresas que exportam bens e serviços e criam a riqueza a partir do conhecimento, da inovação e do design.
Apetece-me dizer bem dos atletas que ganham dezenas de medalhas nos Jogos Paralímpicos.
Apetece-me dizer bem dos engenheiros e dos gestores portugueses que têm sido capazes de modernizar os sistemas produtivos e de melhorar a competitividade em tantos sectores da nossa actividade económica.
Apetece-me dizer bem das centenas e centenas de instituições que trabalham nas áreas sensíveis do apoio aos idosos, às crianças e aos deficientes como ocorre com a Associação de Paralisia Cerebral, a Associação de Trissomia 21 ou a Cruz Vermelha.
Apetece-me dizer bem das corporações de bombeiros e das inúmeras associações que defendem a Natureza e se batem pela preservação das florestas e dos parques naturais.
Apetece-me dizer bem das mulheres e dos homens que fazem funcionar o 112 e o Instituto Nacional de Emergência Médica.
Apetece-me dizer bem daquelas urbanizações que deixaram de ser os "abortos" construídos há uns anos.
Apetece-me dizer bem de tantos músicos, Rodrigo Leão, Paulo Gonzo, Rui Veloso, Fausto, Luís Represas, Katia Guerreiro e tantos outros que me preenchem os momentos de lazer com música de qualidade indiscutível.
Apetece-me dizer bem da Vanessa Fernandes, do Sérgio Paulinho, da Telma Monteiro e de todos os outros atletas que por esse mundo fora vão competindo com os melhores das respectivas modalidades.
Apetece-me dizer bem das centenas e centenas de exposições e de iniciativas culturais que nas áreas do teatro, da música, do cinema, da dança ou da pintura vão ocorrendo por esse país fora, seja na Figueira da Foz, no Porto, em Idanha-a-Nova ou em Braga.
Apetece-me dizer bem dos estudantes medalhados nas Olimpíadas da Matemática.
Apetece-me dizer bem dos artistas plásticos cujas obras nada devem às dos seus colegas estrangeiros.
Apetece-me dizer bem dos seminários, dos workshops e das conferências que se realizam e que terminam com excelentes edições onde se podem ler as comunicações, as conclusões e as recomendações discutidas e aprovadas.
Apetece-me dizer bem de muitas editoras que nos oferecem planos de edições onde se promovem os escritores portugueses e se incluem magníficas traduções de autores estrangeiros.
Por tudo isto e por muitas outras coisas que podia igualmente enumerar, apetece-me dizer bem! E isto apesar de eu saber que há corrupção, incompetência, desleixo, falta de planeamento, gente sem qualificações em lugares onde não devia estar e muitos outros "pecados" que nos afectam e nos penalizam. Penso, no entanto, que chegou o tempo de dar esperança às pessoas e de dizer que é "possível" fazer avançar e fazer progredir o país porque os exemplos estão aí a mostrar que tudo é possível desde que nos convençamos de que é preciso estudo e trabalho e fazer muito esforço e por vezes muitos sacrifícios para atingir os objectivos desejados.
Para aqueles que só ouvem rádio, que só lêem jornais ou que só vêem televisão, a ideia que muitas vezes fica é que o país não existe e que nós os que cá vivemos somos todos uns incapazes que nunca sairemos deste "buraco negro" em que nos querem colocar.
Estou cansado da maledicência e da crítica malévola, mas sobretudo do que estou farto é dos políticos, dos jornalistas e dos opinion makers, felizmente nem todos, que só sabem dizer mal e que criticam (muito para além do que é indispensável e necessário num regime democrático onde a crítica deve ser livre), porque, não estando de bem consigo próprios, acabam por desprezar o país em que vivem e tratar todos os outros como cidadãos de "segunda", sem cultura, pouco lidos, desgraduados e talvez mesmo sem a inteligência com que só eles se sentem bafejados.
Faz impressão ouvir, ler ou ver todos aqueles que diariamente, para existirem, têm que continuar a criticar zurzindo tudo e todos como se isso os colocasse na História. Ora na História só ficarão os que fizerem alguma coisa e isso só será avaliado e valorado daqui por muitos anos talvez mesmo daqui por algumas décadas.
Nota final: peço desculpa aos leitores do PÚBLICO (que é um jornal de referência) por este desabafo, mas penso que pelo modo como estamos a evoluir em matéria de opinião divulgada e publicada só conseguiremos recuperar a esperança quando alguém decidir distribuir gratuitamente Prozac e outros antidepressivos dissolvendo-os directamente na água que é distribuída pelos nossos domicílios...
Marçal Grilo, JP 02 Maio 2007
Apetece-me dizer bem. E apetece-me dizer bem das coisas mais diversas, porque da política à economia, da educação à saúde, da investigação científica às empresas é possível que cada um de nós se cruze em Portugal com iniciativas, com projectos ou com meras rotinas que nos satisfazem e nos dão algum orgulho de sermos portugueses.
Apetece-me dizer bem das universidades, onde hoje se doutoram mais de 1200 jovens que estão a criar massas críticas qualificadas nas mais diversas áreas científicas, mas também dizer bem dos nossos investigadores que estão a publicar, em revistas internacionais de referência, mais de quatro mil artigos por ano resultantes de projectos realizados em instituições portuguesas.
Apetece-me dizer bem do modo como está a processar-se o relacionamento institucional entre o senhor Presidente da República e o senhor primeiro-ministro.
Apetece-me dizer bem da rede de estradas e auto-estradas que tornaram o país mais "curto" e mais coeso.
Apetece-me dizer bem do Nicolau Santos que decidiu ser um dos primeiros jornalistas a não dizer só mal de tudo e de todos.
Apetece-me dizer bem de muitos dos nossos escritores, como o António Lobo Antunes, a Lídia Jorge, o Miguel Sousa Tavares, a Agustina Bessa-Luís, o Vasco Graça Moura e tantos outros que me dão horas e horas de leitura admirável.
Apetece-me dizer bem dos novos projectos de energias renováveis.
Apetece-me dizer bem dos autarcas que recuperaram os centros das suas cidades como ocorreu em Castelo Branco, Viseu, Bragança, Évora, Aveiro, Viana do Castelo, Alcobaça ou Vila Nova de Gaia (isto para citar apenas as que visitei mais recentemente).
Apetece-me dizer bem dos restaurantes da Praia das Maçãs e das Azenhas do Mar onde se come um peixe fantástico.
Apetece-me dizer bem das cientistas e dos cientistas que têm ganho diversos prémios internacionais.
Apetece-me dizer bem da selecção nacional de futebol e do Cristiano Ronaldo, do Figo, do Tiago, do Quaresma, do Simão e do Moutinho, que são jogadores que podem jogar em qualquer grande equipa de futebol do mundo.
Apetece-me dizer bem dos últimos dados sobre o crescimento acentuado dos índices de leitura.
Apetece-me dizer bem daqueles médicos e enfermeiros que todos os dias lidam com milhares e milhares de doentes nos hospitais e que os tratam e curam como em qualquer país avançado.
Apetece-me dizer bem da larga maioria dos professores que educam e formam as nossas crianças e os nossos adolescentes, muitas vezes enfrentando problemas para que não foram sequer preparados.
Apetece-me dizer bem do meu banco e do meu gestor de conta que é de uma eficácia total e resolve todos os problemas pelo telefone.
Apetece-me dizer bem da Valquíria que o S. Carlos levou à cena e que foi uma das grandes óperas que vi na minha vida.
Apetece-me dizer bem das rádios quando informam sem nos massacrar e sem nos obrigar a ouvir as lamúrias dos contestatários das políticas governamentais.
Apetece-me dizer bem das empresas que exportam bens e serviços e criam a riqueza a partir do conhecimento, da inovação e do design.
Apetece-me dizer bem dos atletas que ganham dezenas de medalhas nos Jogos Paralímpicos.
Apetece-me dizer bem dos engenheiros e dos gestores portugueses que têm sido capazes de modernizar os sistemas produtivos e de melhorar a competitividade em tantos sectores da nossa actividade económica.
Apetece-me dizer bem das centenas e centenas de instituições que trabalham nas áreas sensíveis do apoio aos idosos, às crianças e aos deficientes como ocorre com a Associação de Paralisia Cerebral, a Associação de Trissomia 21 ou a Cruz Vermelha.
Apetece-me dizer bem das corporações de bombeiros e das inúmeras associações que defendem a Natureza e se batem pela preservação das florestas e dos parques naturais.
Apetece-me dizer bem das mulheres e dos homens que fazem funcionar o 112 e o Instituto Nacional de Emergência Médica.
Apetece-me dizer bem daquelas urbanizações que deixaram de ser os "abortos" construídos há uns anos.
Apetece-me dizer bem de tantos músicos, Rodrigo Leão, Paulo Gonzo, Rui Veloso, Fausto, Luís Represas, Katia Guerreiro e tantos outros que me preenchem os momentos de lazer com música de qualidade indiscutível.
Apetece-me dizer bem da Vanessa Fernandes, do Sérgio Paulinho, da Telma Monteiro e de todos os outros atletas que por esse mundo fora vão competindo com os melhores das respectivas modalidades.
Apetece-me dizer bem das centenas e centenas de exposições e de iniciativas culturais que nas áreas do teatro, da música, do cinema, da dança ou da pintura vão ocorrendo por esse país fora, seja na Figueira da Foz, no Porto, em Idanha-a-Nova ou em Braga.
Apetece-me dizer bem dos estudantes medalhados nas Olimpíadas da Matemática.
Apetece-me dizer bem dos artistas plásticos cujas obras nada devem às dos seus colegas estrangeiros.
Apetece-me dizer bem dos seminários, dos workshops e das conferências que se realizam e que terminam com excelentes edições onde se podem ler as comunicações, as conclusões e as recomendações discutidas e aprovadas.
Apetece-me dizer bem de muitas editoras que nos oferecem planos de edições onde se promovem os escritores portugueses e se incluem magníficas traduções de autores estrangeiros.
Por tudo isto e por muitas outras coisas que podia igualmente enumerar, apetece-me dizer bem! E isto apesar de eu saber que há corrupção, incompetência, desleixo, falta de planeamento, gente sem qualificações em lugares onde não devia estar e muitos outros "pecados" que nos afectam e nos penalizam. Penso, no entanto, que chegou o tempo de dar esperança às pessoas e de dizer que é "possível" fazer avançar e fazer progredir o país porque os exemplos estão aí a mostrar que tudo é possível desde que nos convençamos de que é preciso estudo e trabalho e fazer muito esforço e por vezes muitos sacrifícios para atingir os objectivos desejados.
Para aqueles que só ouvem rádio, que só lêem jornais ou que só vêem televisão, a ideia que muitas vezes fica é que o país não existe e que nós os que cá vivemos somos todos uns incapazes que nunca sairemos deste "buraco negro" em que nos querem colocar.
Estou cansado da maledicência e da crítica malévola, mas sobretudo do que estou farto é dos políticos, dos jornalistas e dos opinion makers, felizmente nem todos, que só sabem dizer mal e que criticam (muito para além do que é indispensável e necessário num regime democrático onde a crítica deve ser livre), porque, não estando de bem consigo próprios, acabam por desprezar o país em que vivem e tratar todos os outros como cidadãos de "segunda", sem cultura, pouco lidos, desgraduados e talvez mesmo sem a inteligência com que só eles se sentem bafejados.
Faz impressão ouvir, ler ou ver todos aqueles que diariamente, para existirem, têm que continuar a criticar zurzindo tudo e todos como se isso os colocasse na História. Ora na História só ficarão os que fizerem alguma coisa e isso só será avaliado e valorado daqui por muitos anos talvez mesmo daqui por algumas décadas.
Nota final: peço desculpa aos leitores do PÚBLICO (que é um jornal de referência) por este desabafo, mas penso que pelo modo como estamos a evoluir em matéria de opinião divulgada e publicada só conseguiremos recuperar a esperança quando alguém decidir distribuir gratuitamente Prozac e outros antidepressivos dissolvendo-os directamente na água que é distribuída pelos nossos domicílios...
Marçal Grilo, JP 02 Maio 2007
<< Home