terça-feira, junho 12, 2007

Fim dos pequenos HHs do interior

"The times they are a-changin" ou Fim dos pequenos HHs do interior

Como dizia Bob Dylan em 1964 "the times they are a-changin", e o tempo dos pequenos HHs já deveria ter terminado. A maioria destes pequenos hospitais não estão no interior estão no litoral e resistiram às mudanças operadas nos últimos trinta anos. A maioria deles pertencia às Misericórdias e antecedia a profissionalização dos médicos em Portugal e o desenvolvimento tardio da rede hospitalar resultante do desenvolvimento tardio do complexo hospitalar-industrial. Oficializados após a Revolução de Abril, subsistiram na ausência de planeamento estratégico da saúde, perante a "distracção" de sucessivos governos que preferiram não tocar nos interesses locais e alimentaram-se de jovens médicos saídos das faculdades em meados dos anos 70 e início dos anos 80. As alterações demográficas verificadas nos últimos vinte anos fizeram o resto, o país urbanizou-se, a população saiu do interior e veio para o litoral, o "sistema" foi incapaz de se qualificar, ganhar massa crítica e modernizar-se. A maioria destes Hospitais, imitou os médios e os grandes hospitais, na permamente tentativa de se diferenciar, gerando ineficiências e desperdícios. Muitos deles sobretudo aqueles que situam no litoral entre o Médio Tejo e Braga, serviram para acomodar melhores salários, resultantes do trabalho extraordinário, quer de médicos séniores, quer de médicos internos, em particular nos serviços de urgência hospitalar, garantindo empregos ao pé de casa e evitando que muitos se deslocássem para longe das suas residências, vejam-se os quadros das zonas periféricas do país (e não é só o interior), os distritos de Bragança, Vila Real, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Beja e Faro, depois as acessibilidades rodoviárias fizeram o resto. Nos dias de hoje importa perceber como se devem planear os cuidados hospitalares, no momento em que se deve priveligiar o ambulatório, os procedimentos de hospital de dia, a acessibilidade, a minimização do número de deslocações a realizar pelo paciente para o diagnóstico e tratmento dos seus problemas de saúde. A segurança, a excelência de cuidados, a certificação dos processos, a casuística são determinantes para cuidados de saúde qualidade. a quem interessa manter Hospitais com 13 ou 50 médicos, 136 ou 57 enfermeiros e mais algumas dezenas de profissionais, com 55 ou 142 camas, taxas de ocupação na casa dos 50% nas especialidades cirúrgicas, a fazerem entre as 11.000 e as 28.000 consultas ano, a realizarem 1900 a 678 intervenções cirúrgicas ano, a realizarem menos de 1 cirurgia de urgência por dia, alguns até faziam partos menos de 2 por dia. Mas muitas e muitas "urgências", entre 66.000 e 39.000 por ano, para populações de 28.000 e 31.000 pessoas. Claro que para se ser bom no que se faz, tem que se ter prática, alguém duvida! Quanto à certificação da qualidade muito há para fazer, por parte de "quem manda" aos mais diversos níveis, gestão de topo, gestão intermédia. Tomáramos nós que a maioria dos médicos para aí estivesse virada e que o empenhamento das chefias dos serviços fossem maiores. Só que existem outras soluções para os dias de hoje, que não passem apenas pela sua desactivação ou integração em Centro Hospitalar(a meu ver alguns poderiam ser mesmo encerrados), para os Hospitais pequenos sejam do interior ou não, como as unidades que desenvolvem " a consulta única ou de alta resolução", definida como um processo assistencial ambulatório no qual se estabelece um diagnóstico em conjunto com o respectivo tratamento, para além de exames complementares de diagnóstico, sendo as actividades realizadas num único dia e em tempo aceitável pelo doente. Aqui ao lado em Espanha várias Comunidades Autónomas tem já unidades destas no terreno, exemplos da Rioja e Andaluzia. Integrados funcionalmente num Hospital de média dimensão, ou num Centro Hospitalar, dispõem normalmente de uma área forte de consultas de ambulatório, com um perfil assitencial organizado por processos, uma unidade de cirurgia de ambulatório, uma unidade de meios complementares de diagnóstico, às vezes camas para internamentos de curta duração (até 72 horas), os chamados CHARE, Centros Hospitalares de Alta Resolução, são visitáveis na internet, http://www.riojasalud.es/ciudadanos/centros-y-servicios/carpa.html; http://www.ephag.es/cartera.html e no local. Para isto há que planear em função dos interesses das populações, de uma forma supra-municipal e tendo em conta as "partes interessadas -stakeholders", mercado privado das consultas da especialidade (50 a 60% das consultas nesta área são privadas) e os convencionados (MCDTs)
Avicena