sexta-feira, janeiro 05, 2007

Vamos então saber porque se vão opôr

1. já todos aqui referimos e sabemos que o trabalho médico tem características especiais, e que o tempo é somente um dos seus factores. Para fazer exactamente a mesma coisa e com a mesma qualidade, dois médicos levam tempos completamente diferentes - digamos às vezes o dobro.

2. No caso das consultas externas só por questões de auto-confiança e personalidade o número de altas é completamente diferente entre dois médicos de idêntica qualidade e produtividade.

3. Os Directores de Serviço, sem qualquer pagamento - digam aqui qual é o acréscimo de vencimento a um Director de Serviço - últimos responsáveis pela Gestão do seu Pessoal vêm um dos seus, cada vez mais reduzidos poderes, ser esvaziado pelo pica-cartões - uma das suas parcas armas de gestão é a cedência de um dia ou outro sem outras diligências pelo merecimento e disponibilidade de um bom elemento da equipa.

4. A um Serviço de grande produtividade com uma equipa de qualidade o que é que acresce do ponto de vista de Gestão o pica-cartões ?
Nada a não ser sentimentos de revolta e a noção que quem manda nada sabe de trabalho médico !

5. A um Serviço mau, de má produtividade colectiva, o que é que acresce o pica-cartões a não ser a legitimação do "dolce fare niente" - desde que passem o tempo no Hospital ?

Não terão que ser tomadas outras medidas para intervir nestes ?

6. Em resumo, esta medida é uma provocação grande às equipas que trabalham, a desresponsabilização das más equipas e de todos os Directores, um convite adicional aos melhores para saírem. Um somatório desastroso.

7. Em síntese é o assumir da funcionalização do médico que já conhecemos dos cuidados primários. Qual foi o resultado ? A desresponsabilização - Se não está porque doente, de férias ou em acções de formação - ou ultrapassou o tempo não há doentes que devem recorrer à urgência.....

8. Se eu quizesse destruir o que resta das melhores equipas teria dificuldade em arranjar método mais eficaz.
O sentir o pulso de uma equipa médica, saber o que a motiva e o que agride no seu sentir colectivo não vem nos livros. Mas vai ver-se na prática.

Muitos vão resistir à mercantilização da saúde e às linhas de produção - e entre eles estão os melhores !
cardeal patriarca