Utentes acusam Governo
De estar a dar telemóveis a quem não tem óculos para ver.
O movimento de utentes lamenta que o Estado não dê apoio para óculos e dentaduras e que esteja a dar telemóveis.
O dirigente do Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde (MUSS) Guilherme Castro Henriques acusou ontem o Governo de estar a "dar telemóveis a quem não tem óculos para ver". "Não apoiam nem a compra de óculos nem a compra de dentaduras e depois vêm dar telemóveis a quem não tem óculos para ver", disse à Lusa Guilherme Henriques, momentos depois de entregar na Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte uma carta em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS). O ministro da Solidariedade Social, Vieira da Silva, participou na quinta-feira, em Braga, na entrega dos primeiros telemóveis a idosos, no âmbito do programa Iniciativa de Segurança Idade Maior. Castro Henriques estranhou que o Governo se preocupe em dar telemóveis a idosos, ao mesmo tempo que desinveste no SNS. "A saúde é cada vez mais cara e de mais difícil acesso", frisou o dirigente do MUSS. Na carta, o movimento que integra sete organizações desafia o Presidente da República, o Governo e os deputados a "fazer cumprir a Constituição", que obriga a um SNS "universal, geral e tendencialmente gratuito". O movimento protesta contra o "encerramento dos serviços de saúde", "aumento de custos para os utentes", "subinvestimento nos cuidados de saúde primários", redução da comparticipação nos medicamentos e tentativa de "terminar com o vínculo público e as carreiras profissionais". "Defendemos que à população deve ser garantido o direito a ter acesso a cuidados de saúde com dignidade", lê-se na carta. O encerramento de serviços de atendimento permanente nos centros de saúde, de urgências hospitalares e de maternidades e a falta de médicos e enfermeiros são algumas das deficiências do SNS apontadas pelo movimento.
JP 22.09.07
<< Home