Médicos do Porto dão exemplo
Directores do Pedro Hispano trocaram carros de serviço por novo equipamento de saúde
A administração do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, abdicou do direito de comprar carros de serviço, como forma de viabilizar a aquisição de novos equipamentos para o bloco operatório de neurocirurgia.
A opção dos cinco membros da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM), que integra o Hospital Pedro Hispano, permitiu dotar aquela unidade de saúde com equipamentos que já estavam disponíveis noutros hospitais mas aqui faziam falta por minimizarem riscos nas intervenções de neurocirurgia.
Assim, em vez dos cinco carros para os administradores (que optaram por utilizar as suas próprias viaturas), no valor de €35 mil cada, o serviço de neurocirurgia do Hospital Pedro Hispano passa a ter um microscópio novo, um sistema de neuronavegação e uma broca cirúrgica de precisão, equipamentos que permitem localizar as lesões neurológicas com exactidão e fazer biópsias através de um simples furo, sempre com precisão milimétrica.
A opção de prescindir das cinco viaturas que o estatuto de Entidade Pública Empresarial permitiria comprar com verbas do orçamento da ULSM, foi consensual na administração, presidida pelo médico anestesista Nuno Morujão.
Não se tratou propriamente de uma troca por troca, uma vez que o valor ‘poupado’ em viaturas representa, apenas, a quarta parte do custo dos equipamentos que acabaram por ser adquiridos pelo hospital. O resto do dinheiro veio de programas comunitários. Mas tudo indica que a opção da administração de prescindir da compra das viaturas tenha pesado na decisão final.
Na verdade, a candidatura para a aquisição do novo material, num valor próximo dos €700 mil, havia sido inicialmente recusada. Isto no âmbito da candidatura apresentada por aquela unidade ao programa Saúde XXI, para um financiamento no âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio.
Por considerar que aqueles equipamentos eram fundamentais, o director clínico, Joaquim Pinheiro, não se deu por vencido. Propôs, então, aos restantes membros da administração, um novo destino para os €175 mil que poderiam ser usados na compra de automóveis de uso pessoal, e que, como atrás se referiu, representavam, aproximadamente, 25% do custo total dos aparelhos em causa.
Esta decisão de poupar nos carros para investir no equipamento foi um dos argumentos usados pelo Hospital Pedro Hispano no pedido de reapreciação da candidatura ao financiamento comunitário. Esta, numa segunda apreciação, acabou por receber luz verde, com um subsídio a fundo perdido correspondente a 75% do custo total, ou seja, à diferença entre o dinheiro poupado nos carros e o custo total.
“Foi uma opção. Tínhamos direito a ter um automóvel para uso pessoal, mas preferimos usar esse dinheiro em benefício dos doentes do hospital”, referiu ao Expresso o director clínico da ULSM, Joaquim Pinheiro da Silva. Contudo, do seu ponto de vista, “não é possível dizer se há um nexo de causalidade entre a decisão orçamental da administração do hospital e a atribuição da verba”.
O equipamento que está, agora, a ser montado no bloco operatório de neurocirurgia, vai apoiar um serviço que conta com seis médicos, dois dos quais são internos, e faz 500 cirurgias por ano.
Apesar de tudo isto e da próxima entrada em funcionamento dos novos equipamentos, o Hospital Pedro Hispano não tem serviço de urgência na área da neurocirurgia. Nessa perspectiva, a opção tem sido a de ceder os seus médicos mais novos para irem apoiar as urgências do Hospital de Santo António, no Porto.
Margarida Cardoso, semanário expresso, 18.08.07
A administração do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, abdicou do direito de comprar carros de serviço, como forma de viabilizar a aquisição de novos equipamentos para o bloco operatório de neurocirurgia.
A opção dos cinco membros da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM), que integra o Hospital Pedro Hispano, permitiu dotar aquela unidade de saúde com equipamentos que já estavam disponíveis noutros hospitais mas aqui faziam falta por minimizarem riscos nas intervenções de neurocirurgia.
Assim, em vez dos cinco carros para os administradores (que optaram por utilizar as suas próprias viaturas), no valor de €35 mil cada, o serviço de neurocirurgia do Hospital Pedro Hispano passa a ter um microscópio novo, um sistema de neuronavegação e uma broca cirúrgica de precisão, equipamentos que permitem localizar as lesões neurológicas com exactidão e fazer biópsias através de um simples furo, sempre com precisão milimétrica.
A opção de prescindir das cinco viaturas que o estatuto de Entidade Pública Empresarial permitiria comprar com verbas do orçamento da ULSM, foi consensual na administração, presidida pelo médico anestesista Nuno Morujão.
Não se tratou propriamente de uma troca por troca, uma vez que o valor ‘poupado’ em viaturas representa, apenas, a quarta parte do custo dos equipamentos que acabaram por ser adquiridos pelo hospital. O resto do dinheiro veio de programas comunitários. Mas tudo indica que a opção da administração de prescindir da compra das viaturas tenha pesado na decisão final.
Na verdade, a candidatura para a aquisição do novo material, num valor próximo dos €700 mil, havia sido inicialmente recusada. Isto no âmbito da candidatura apresentada por aquela unidade ao programa Saúde XXI, para um financiamento no âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio.
Por considerar que aqueles equipamentos eram fundamentais, o director clínico, Joaquim Pinheiro, não se deu por vencido. Propôs, então, aos restantes membros da administração, um novo destino para os €175 mil que poderiam ser usados na compra de automóveis de uso pessoal, e que, como atrás se referiu, representavam, aproximadamente, 25% do custo total dos aparelhos em causa.
Esta decisão de poupar nos carros para investir no equipamento foi um dos argumentos usados pelo Hospital Pedro Hispano no pedido de reapreciação da candidatura ao financiamento comunitário. Esta, numa segunda apreciação, acabou por receber luz verde, com um subsídio a fundo perdido correspondente a 75% do custo total, ou seja, à diferença entre o dinheiro poupado nos carros e o custo total.
“Foi uma opção. Tínhamos direito a ter um automóvel para uso pessoal, mas preferimos usar esse dinheiro em benefício dos doentes do hospital”, referiu ao Expresso o director clínico da ULSM, Joaquim Pinheiro da Silva. Contudo, do seu ponto de vista, “não é possível dizer se há um nexo de causalidade entre a decisão orçamental da administração do hospital e a atribuição da verba”.
O equipamento que está, agora, a ser montado no bloco operatório de neurocirurgia, vai apoiar um serviço que conta com seis médicos, dois dos quais são internos, e faz 500 cirurgias por ano.
Apesar de tudo isto e da próxima entrada em funcionamento dos novos equipamentos, o Hospital Pedro Hispano não tem serviço de urgência na área da neurocirurgia. Nessa perspectiva, a opção tem sido a de ceder os seus médicos mais novos para irem apoiar as urgências do Hospital de Santo António, no Porto.
Margarida Cardoso, semanário expresso, 18.08.07
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