Esforço Inútil
Não fosse os contentores verdes com cruzes vermelhas empilhados na rua, eu nunca teria encontrado o hospital da Zona Verde. Parecia-se com dezenas de outras moradias de mármore e grés que existiam em redor do Palácio Republicano. A fachada tinha seis pisos, as janelas eram coloridas e havia palmeiras nos lados e nas traseiras do edifício. Uma placa modesta junto à entrada, parecida com a placa de uma loja qualquer, identificava o edifício.
Uma vez no interior, porém, não havia dúvida de que o edifício de três andares era um moderno hospital militar americano. Tinha cinco blocos operatórios, dez salas de emergências e 76 camas. Havia ventiladores, monitores cardíacos computorizados e um aparelho de TAC. Neurocirurgiões e especialistas em queimaduras estavam prontos para tratar os feridos das explosões de bombas nas estradas.
O hospital estava protegido da fina areia do deserto que se via em todo o Iraque. O chão de mosaico branco estava sempre limpo, bem como as paredes e as janelas.. Só as botas da tropa dos médicos da sala de emergência estavam sujas. Em vez de castanho claras, eram pretas e estavam manchadas de sangue.
Os Iraquianos chamavam-lhe Hospital Ibn Sina, do nome de um médico pioneiro do mundo islâmico antigo. Os Americanos chamavam-lhe o «Twenty-eight Cash». Referência à unidade militar que dirigia o estabelecimento - a 28ª Unidade de Apoio Médico de Combate – que tinha mais de 350 médicos, enfermeiros e pessoal de apoio na Zona Verde.
Antes da guerra, o hospital era uma clínica privada para os familiares de Saddam e dirigentes do Partido Baas. Quando os Americanos chegaram continuou a ser um estabelecimento privado, reservado a militares, pessoal da CPA e empresas privadas. Os únicos Iraquianos admitidos eram aqueles que tinham sido acidentalmente alvejados por tropas americanas.
Apesar da sua admissão selectiva de Iraquianos, Tommy Thompson, o secretário para os serviços de saúde e humanos, usou o hospital como fundo para louvar a Coalition provisional Authority (CPA) durante uma visita a Bagdad, 11 meses depois do início da ocupação. Este hospital, anunciou ele sob o pórtico, era um exemplo de como os Estados Unidos tinham começado a «restabelecer o Iraque como um centro de excelência de cuidados de saúde ».
Nenhuma dessa excelência era visível fora da Cidade Esmeralda.
O Hospital Yarmouk, um conjunto de edifícios de dois pisos de betão, erigidos em redor de uma praça de betão, ficava a cinco minutos de carro da Zona Verde, apenas a alguns quarteirões de distância na estrada em direcção ao aeroporto. Era um dos maiores e mais movimentados centros médicos de Bagdad, mas depois de visitar mais de uma dúzia de outros hospitais do Iraque, comecei a ver o Yarmouk como um bom representante do sistema de saúde do país. Era, muito simplesmente um desastre.
Não havia nada limpo. Os lençóis estavam sujos, o chão manchado de sangue, as casas de banho inundadas. Os quartos não tinham o equipamento mais básico para vigiar a pressão arterial ou o batimento cardíaco dos doentes. Os blocos operatórios trabalhavam sem instrumentos cirúrgicos modernos nem sistemas de esterilização. Os armários de medicamentos estavam vazios. Na sala de emergências, algumas macas manchadas de sangue lançavam sombras escuras sobre o chão. Não havia desfribilhadores, ventiladores, equipamento de transfusão de sangue, nem injecções de epinefrina.
Visitei o hospital pela primeira vez algumas horas depois de um bombista suicida ter arrasado a embaixada Jordana com o seu carro armadilhado. A ala das urgências ecoava com os gritos de homens cujos braços tinham sido arrancados, mas que não receberam nada para aliviar a dor. Cheirava a sangue, a excrementos e a cadáveres que tinham sido guardados sem refrigeração. Familiares desesperados juntavam-se à volta dos seus entes queridos, que estavam tão queimados e mutilados que não sobreviveriam à noite. Toquei na mão de um jovem magro, Abbas Ali, que tinha as pernas e o abdómen cobertos daquilo que pareciam ser queimaduras de terceiro grau. Tremia, mas não chorava. Repetia, incessantemente, as palavras « Bismillab ar rahman ar rahim» « Bismillab ar rahman ar rahim». (Em nome de Deus, o beneficente, o misericordioso). Um médico disse ao meu intérprete que Abbas não teria mais do que um ou dois dias de vida. «Não posso fazer nada», disse ele. «Não temos equipamento para tratá-lo».
A história do Hospital Yarmouk era a mesma que a de quase todas as outras instituições públicas do Iraque. Nos anos 70, era um dos melhores centros médicos no mundo árabe. Jordanos, Sírios e Sudaneses viajavam para Bagdad para serem operados. Isto mudou, obviamente, após a invasão do Kuwait e a imposição de sanções. Embora Saddam tenha sido depois autorizado a vender o seu petróleo por alimentos e bens humanitários, o hospital nunca teve medicamentos suficientes. O Governo acusava as Nações Unidas de alterarem as ordens de compra. As Nações Unidas acusavam o governo de encomendar os bens errados e de fazer compras a burlões em vez de a fornecedores com reputação. A Administração Bush acreditava que o governo de Saddam, que tentava obter apoio internacional para que as sanções fossem levantadas estava a privar deliberadamente o Yarmouk e outros hospitais de bens necessários.
Por muito mal que o hospital estivesse antes de os americanos chegarem, ficou muito pior quando o exército americano entrou na cidade. Um disparo de um tanque atingiu o hospital no dia em que o governo de Saddam caiu, inutilizando o gerador e enviando os médicos para casa. Sem ninguém para guardar o edifício, os saqueadores levaram tudo, desde camas, medicamentos, equipamentos do bloco operatório, at+e aos aparelhos de TAC e de ecografias. Quando os médicos voltaram ao trabalho, tiveram de lutar para providenciar primeiros socorros com equipamentos improvisados.
Quando os Americanos chegaram, a tarefa de reabilitar o sistema de saúde do Iraque foi atribuída a Frederick M. Burkle Jr. , um médico com mestrado em Saúde Pública e pós-graduações em Havard, Yale, Dartmouth e Berkeley. Burkle era oficial da marinha na reserva, com duas Estrelas de Bronze, e trabalhava como administrador assistente da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional. Leccionava na Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, onde se especializara em questões relacionadas com resposta a desastres. Durante a primeira Guerra do Golfo, forneceu auxílio médico aos Curdos no Norte do Iraque. Trabalhou no Kosovo e na Somália. E pouco antes da invasão do Iraque, fora encarregado de organizar a resposta americana à crise de saúde pública que se previa no Iraque. Um colega da USAID disse que ele era «o especialista mais talentoso e experiente em saúde pós-conflito que trabalhava no governo dos Estados Unidos».
Uma semana depois da libertação de Bagdad, Burkle foi informado que iria ser substituído. Um funcionário superior da USAID disse-lhe que a Casa Branca queria um «lealista» no cargo. Burkle tinha uma parede cheia de diplomas, mas não tinha uma fotografia sua com o presidente.
A missão de Burkle foi entregue a James K. Haveman Jr., um trabalhador da assistência social, de 60 anos de idade, totalmente desconhecido dos especialistas internacionais em saúde. Não tinha formação médica, mas conhecia pessoas. Fora o director de saúde comunitária do antigo governador republicano do Michigan, John Engler, que o recomendou a Wolfowitz. Haveman era um homem viajado, mas a maioria das suas viagens foi na qualidade de director da internacional Aid, uma organização religiosa que fornecia cuidados médicos enquanto promovia o cristianismo nos países em vias de desenvolvimento. Antes de trabalhar no governo, Haveman dirigiu uma grande agência de adopção no Michigan, que tentava convencer as mulheres grávidas a não fazerem abortos.
Homem de cabelo grisalho, tez rosada e uma barriga modesta, Haveman usava óculos e um crachá na lapela com uma bandeira americana cruzada com uma iraquiana. A sua pronúncia e modos eram os de um homem do interior.
Nos dois meses entre a demissão de Burkle e a chegada de Haveman, o ministro da Saúde foi entregue a Steve Browning, o especialista do Corpo de Emgenharia do exercito, que dirigiu quatro ministérios nas primeiras semanas de ocupação e que, mais tarde, teria a missão de aumentar a produção de electricidade. Browning não tinha experiência médica, mas sabia o suficiente, e falava com peritos suficientes, para fazer uma lista de prioridades. Prevenir as doenças, fornecer água potável e melhorar os serviços dos hospitais eram os pontos de topo da lista. Bem como obter medicamentos e provisões médicas. Os hospitais e as clínicas tinham falta de antibióticos, analgésicos e outros medicamentos. As prioridades agora era determinar se a empresa estatal responsável pela compra e distribuição dos medicamentos tinha os produtos necessários em armazém, e arranjar maneira de levar esses produtos aos hospitais.
Poucos dias depois de Bremer ter chegado a Bagdad, quis visitar um hospital. Os seus assessores pensaram que seria uma boa oportunidade para a fotografia. Em direcção a um hospital, Browning acompanhava Bremer no seu Suburban blindado. Browning achou que podia aproveitar para falar dos seus planos para o ministério e da necessidade de uma injecção maciça de ajuda estrangeira, mas Bremer só falava da Operação Sorriso , uma instituição americana de caridade que envia médicos para o estrangeiro para fazerem cirurgias reconstrutivas a crianças com deformidades faciais. De início, Browning acenava educadamente com a cabeça, mas como Bremer continuava a falar apenas da Operação Sorriso, Browning interrompeu-o.
«Ouça, tem de compreender a situação existente no terreno», disse ele «Estamos a tentar prevenir doenças epidémicas. Tentamos dar alguma água potável decente às pessoas… Estamos a tentar restaurar o serviço básico nos hospitais… e obter medicamentos e equipamento médico. É ridículo estar a falar de alguma coisa como a Operação Sorriso.
Se qualquer outra pessoa falasse assim ao vice-rei, poderia muito bem começar a fazer as malas, mas Browning era um homem com estatuto. Era visto como um dos administradores mais talentosos da CIA. E toda a gente sabia que, por muito que faltasse aos hospitais do Iraque, tinham geradores graças a Steve Browning. (...)
Uma vez no interior, porém, não havia dúvida de que o edifício de três andares era um moderno hospital militar americano. Tinha cinco blocos operatórios, dez salas de emergências e 76 camas. Havia ventiladores, monitores cardíacos computorizados e um aparelho de TAC. Neurocirurgiões e especialistas em queimaduras estavam prontos para tratar os feridos das explosões de bombas nas estradas.
O hospital estava protegido da fina areia do deserto que se via em todo o Iraque. O chão de mosaico branco estava sempre limpo, bem como as paredes e as janelas.. Só as botas da tropa dos médicos da sala de emergência estavam sujas. Em vez de castanho claras, eram pretas e estavam manchadas de sangue.
Os Iraquianos chamavam-lhe Hospital Ibn Sina, do nome de um médico pioneiro do mundo islâmico antigo. Os Americanos chamavam-lhe o «Twenty-eight Cash». Referência à unidade militar que dirigia o estabelecimento - a 28ª Unidade de Apoio Médico de Combate – que tinha mais de 350 médicos, enfermeiros e pessoal de apoio na Zona Verde.
Antes da guerra, o hospital era uma clínica privada para os familiares de Saddam e dirigentes do Partido Baas. Quando os Americanos chegaram continuou a ser um estabelecimento privado, reservado a militares, pessoal da CPA e empresas privadas. Os únicos Iraquianos admitidos eram aqueles que tinham sido acidentalmente alvejados por tropas americanas.
Apesar da sua admissão selectiva de Iraquianos, Tommy Thompson, o secretário para os serviços de saúde e humanos, usou o hospital como fundo para louvar a Coalition provisional Authority (CPA) durante uma visita a Bagdad, 11 meses depois do início da ocupação. Este hospital, anunciou ele sob o pórtico, era um exemplo de como os Estados Unidos tinham começado a «restabelecer o Iraque como um centro de excelência de cuidados de saúde ».
Nenhuma dessa excelência era visível fora da Cidade Esmeralda.
O Hospital Yarmouk, um conjunto de edifícios de dois pisos de betão, erigidos em redor de uma praça de betão, ficava a cinco minutos de carro da Zona Verde, apenas a alguns quarteirões de distância na estrada em direcção ao aeroporto. Era um dos maiores e mais movimentados centros médicos de Bagdad, mas depois de visitar mais de uma dúzia de outros hospitais do Iraque, comecei a ver o Yarmouk como um bom representante do sistema de saúde do país. Era, muito simplesmente um desastre.
Não havia nada limpo. Os lençóis estavam sujos, o chão manchado de sangue, as casas de banho inundadas. Os quartos não tinham o equipamento mais básico para vigiar a pressão arterial ou o batimento cardíaco dos doentes. Os blocos operatórios trabalhavam sem instrumentos cirúrgicos modernos nem sistemas de esterilização. Os armários de medicamentos estavam vazios. Na sala de emergências, algumas macas manchadas de sangue lançavam sombras escuras sobre o chão. Não havia desfribilhadores, ventiladores, equipamento de transfusão de sangue, nem injecções de epinefrina.
Visitei o hospital pela primeira vez algumas horas depois de um bombista suicida ter arrasado a embaixada Jordana com o seu carro armadilhado. A ala das urgências ecoava com os gritos de homens cujos braços tinham sido arrancados, mas que não receberam nada para aliviar a dor. Cheirava a sangue, a excrementos e a cadáveres que tinham sido guardados sem refrigeração. Familiares desesperados juntavam-se à volta dos seus entes queridos, que estavam tão queimados e mutilados que não sobreviveriam à noite. Toquei na mão de um jovem magro, Abbas Ali, que tinha as pernas e o abdómen cobertos daquilo que pareciam ser queimaduras de terceiro grau. Tremia, mas não chorava. Repetia, incessantemente, as palavras « Bismillab ar rahman ar rahim» « Bismillab ar rahman ar rahim». (Em nome de Deus, o beneficente, o misericordioso). Um médico disse ao meu intérprete que Abbas não teria mais do que um ou dois dias de vida. «Não posso fazer nada», disse ele. «Não temos equipamento para tratá-lo».
A história do Hospital Yarmouk era a mesma que a de quase todas as outras instituições públicas do Iraque. Nos anos 70, era um dos melhores centros médicos no mundo árabe. Jordanos, Sírios e Sudaneses viajavam para Bagdad para serem operados. Isto mudou, obviamente, após a invasão do Kuwait e a imposição de sanções. Embora Saddam tenha sido depois autorizado a vender o seu petróleo por alimentos e bens humanitários, o hospital nunca teve medicamentos suficientes. O Governo acusava as Nações Unidas de alterarem as ordens de compra. As Nações Unidas acusavam o governo de encomendar os bens errados e de fazer compras a burlões em vez de a fornecedores com reputação. A Administração Bush acreditava que o governo de Saddam, que tentava obter apoio internacional para que as sanções fossem levantadas estava a privar deliberadamente o Yarmouk e outros hospitais de bens necessários.
Por muito mal que o hospital estivesse antes de os americanos chegarem, ficou muito pior quando o exército americano entrou na cidade. Um disparo de um tanque atingiu o hospital no dia em que o governo de Saddam caiu, inutilizando o gerador e enviando os médicos para casa. Sem ninguém para guardar o edifício, os saqueadores levaram tudo, desde camas, medicamentos, equipamentos do bloco operatório, at+e aos aparelhos de TAC e de ecografias. Quando os médicos voltaram ao trabalho, tiveram de lutar para providenciar primeiros socorros com equipamentos improvisados.
Quando os Americanos chegaram, a tarefa de reabilitar o sistema de saúde do Iraque foi atribuída a Frederick M. Burkle Jr. , um médico com mestrado em Saúde Pública e pós-graduações em Havard, Yale, Dartmouth e Berkeley. Burkle era oficial da marinha na reserva, com duas Estrelas de Bronze, e trabalhava como administrador assistente da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional. Leccionava na Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, onde se especializara em questões relacionadas com resposta a desastres. Durante a primeira Guerra do Golfo, forneceu auxílio médico aos Curdos no Norte do Iraque. Trabalhou no Kosovo e na Somália. E pouco antes da invasão do Iraque, fora encarregado de organizar a resposta americana à crise de saúde pública que se previa no Iraque. Um colega da USAID disse que ele era «o especialista mais talentoso e experiente em saúde pós-conflito que trabalhava no governo dos Estados Unidos».
Uma semana depois da libertação de Bagdad, Burkle foi informado que iria ser substituído. Um funcionário superior da USAID disse-lhe que a Casa Branca queria um «lealista» no cargo. Burkle tinha uma parede cheia de diplomas, mas não tinha uma fotografia sua com o presidente.
A missão de Burkle foi entregue a James K. Haveman Jr., um trabalhador da assistência social, de 60 anos de idade, totalmente desconhecido dos especialistas internacionais em saúde. Não tinha formação médica, mas conhecia pessoas. Fora o director de saúde comunitária do antigo governador republicano do Michigan, John Engler, que o recomendou a Wolfowitz. Haveman era um homem viajado, mas a maioria das suas viagens foi na qualidade de director da internacional Aid, uma organização religiosa que fornecia cuidados médicos enquanto promovia o cristianismo nos países em vias de desenvolvimento. Antes de trabalhar no governo, Haveman dirigiu uma grande agência de adopção no Michigan, que tentava convencer as mulheres grávidas a não fazerem abortos.
Homem de cabelo grisalho, tez rosada e uma barriga modesta, Haveman usava óculos e um crachá na lapela com uma bandeira americana cruzada com uma iraquiana. A sua pronúncia e modos eram os de um homem do interior.
Nos dois meses entre a demissão de Burkle e a chegada de Haveman, o ministro da Saúde foi entregue a Steve Browning, o especialista do Corpo de Emgenharia do exercito, que dirigiu quatro ministérios nas primeiras semanas de ocupação e que, mais tarde, teria a missão de aumentar a produção de electricidade. Browning não tinha experiência médica, mas sabia o suficiente, e falava com peritos suficientes, para fazer uma lista de prioridades. Prevenir as doenças, fornecer água potável e melhorar os serviços dos hospitais eram os pontos de topo da lista. Bem como obter medicamentos e provisões médicas. Os hospitais e as clínicas tinham falta de antibióticos, analgésicos e outros medicamentos. As prioridades agora era determinar se a empresa estatal responsável pela compra e distribuição dos medicamentos tinha os produtos necessários em armazém, e arranjar maneira de levar esses produtos aos hospitais.
Poucos dias depois de Bremer ter chegado a Bagdad, quis visitar um hospital. Os seus assessores pensaram que seria uma boa oportunidade para a fotografia. Em direcção a um hospital, Browning acompanhava Bremer no seu Suburban blindado. Browning achou que podia aproveitar para falar dos seus planos para o ministério e da necessidade de uma injecção maciça de ajuda estrangeira, mas Bremer só falava da Operação Sorriso , uma instituição americana de caridade que envia médicos para o estrangeiro para fazerem cirurgias reconstrutivas a crianças com deformidades faciais. De início, Browning acenava educadamente com a cabeça, mas como Bremer continuava a falar apenas da Operação Sorriso, Browning interrompeu-o.
«Ouça, tem de compreender a situação existente no terreno», disse ele «Estamos a tentar prevenir doenças epidémicas. Tentamos dar alguma água potável decente às pessoas… Estamos a tentar restaurar o serviço básico nos hospitais… e obter medicamentos e equipamento médico. É ridículo estar a falar de alguma coisa como a Operação Sorriso.
Se qualquer outra pessoa falasse assim ao vice-rei, poderia muito bem começar a fazer as malas, mas Browning era um homem com estatuto. Era visto como um dos administradores mais talentosos da CIA. E toda a gente sabia que, por muito que faltasse aos hospitais do Iraque, tinham geradores graças a Steve Browning. (...)
Continua...
Rajiv Chandrasekaran, "A vida imperial na cidade esmeralda", edições 70, Julho 2007.
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