segunda-feira, julho 23, 2007

ERS avalia

qualidade de hospitais e clínicas

Entidade Reguladora da Saúde admite vir a classificar unidades por estrelas, à imagem dos hotéis

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) vai desenvolver, até ao início de 2009, um sistema de avaliação e classificação dos serviços hospitalares, das unidades privadas e do sector social que possa ser consultado on-line e permita ao utente aferir facilmente a qualidade das unidades. A avaliação e classificação dos serviços do sector poderá passar por um sistema de estrelas idêntico ao utilizado para os hotéis, segundo adiantou esta semana o Diário Económico.
Mas há um problema: os cidadãos que recorrem aos serviços públicos, no modelo de funcionamento actual, não podem optar, em regra, sendo obrigados a recorrer aos hospitais da sua área de residência. Para que lhes servirá, então, um sistema deste tipo?
"Apesar de não terem liberdade de escolha total, têm alguma. E, desta forma, sabem o que podem esperar", diz o presidente da ERS, Álvaro Santos Almeida, notando que o objectivo central é o do incentivo aos prestadores para a melhoria da qualidade. "Não se trata de um ranking. Não vamos dizer quem está em primeiro ou segundo lugar. Vamos classificar os serviços em grupos, por exemplo, o dos melhores e o dos menos bons", esclarece Santos Almeida, sublinhando que os critérios ainda não estão definidos e que não se sabe sequer se a classificação será por estrelas.
Uma coisa é certa: os indicadores têm que ser objectivos e mensuráveis, abrangendo os resultados clínicos, as instalações e a satisfação dos utentes, só para dar alguns exemplos. A ERS já fez um levantamento de sistemas de avaliação, nomeadamente os dos Estados Unidos e Reino Unido, que servirá de base de trabalho. Mas os critérios serão alvo de discussão pública com os operadores, até porque se pretende que esta iniciativa não se torne polémica.
Apesar de destacar os aspectos positivos desta medida, o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Manuel Delgado, deixa alguns "avisos à navegação". "Este tipo de sistema é importante em modelos de saúde muito competitivos, mas este não é o caso do mercado português", lembra. E, apesar da questão da liberdade de escolha dos doentes ser hoje ultrapassável com maior facilidade, ainda se coloca sobretudo para os que têm maiores dificuldades de acesso à informação.
alexandra campos, JP 22.07.07