Ministro queria fechar Curry Cabral
O ministro da Saúde, Correia de Campos, “mentiu sobre o futuro do Hospital Curry Cabral para não ter de renovar o mandato da respectiva administração”. A acusação é feita pelo ex-gestor Canas Mendes, a quem o ministro terá confidenciado em conversa privada que “o hospital era para fechar”. Segundo disse ao Expresso, a conversa deu-se mês e meio antes da cessação de funções da administração (12 de Abril). Os gestores que, ao contrário do ministro, defendiam a continuidade do hospital, saíram. O hospital continua aberto.
O antigo presidente do conselho de administração sublinhou que, há poucas semanas, quando foram publicamente divulgadas as unidades a encerrar e transferir para o futuro Hospital de Todos-os-Santos, o Curry Cabral não fazia parte da lista. Contactado pelo Expresso, o gabinete do ministro negou que esteja previsto o encerramento deste hospital. Mas Canas Mendes garante que a intenção inicial do ministro “era outra”.
Recorda ter-lhe sido comunicada superiormente “a intenção de fechar e integrar recursos humanos, no futuro Hospital de Todos-os Santos. As instalações seriam para vender. Tudo isto foi estudado por um gestor”. Portanto, “não havia lugar para uma administração que tinha feito a política contrária”. Canas Mendes disse ao Expresso ter-lhe o ministro referido que “respeitava a obra realizada e ponderava a hipótese de me colocar noutro cargo”.
Semanas depois, houve rumores de que Canas Mendes seria o futuro coordenador das Boas Práticas para o Aborto. Contactado informalmente, recusou. Entretanto, tendo chegado o mandato da administração ao fim, não havendo perspectiva de recondução e tendo os respectivos membros tempo de serviço suficiente para se reformarem, optaram por esta última via.
Após seis anos à frente do Curry Cabral, o médico Canas Mendes revela que se incompatibilizou com Correia de Campos por o ministro gostar de telefonar aos directores dos hospitais para lhe fazerem as vontades. “Ele gosta de fazer a gestão directa”. E até ironiza: “Correia de Campos atingiu o Nirvana e age como se fosse uma divindade na Saúde”.
A “gota que fez transbordar o copo” foi a ida ao Parlamento da Comissão Médica do Curry Cabral para ser ouvida sobre o possível encerramento da Urgência. Um dia depois (22 de Novembro), Canas Mendes e o director clínico, Luís Gardete, foram informados oficialmente de que o ministro tinha ficado “muito pesaroso” por não ter sido informado daquela deslocação à comissão parlamentar, “Fomos chamados porque o assunto era urgente e afinal foi para falar do desagrado do ministro”, recordou Gardete.
Gomes Branco, presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, confirmou ao Expresso a realização da reunião mas garantiu que o assunto não foi lá abordado. Confirma ter “chamado a atenção para o «site» do hospital estar a ser utilizado para difundir notícias contra o fecho da Urgência”. Na semana seguinte, Canas Mendes foi alvo de um “processo de esclarecimento” da então Inspecção-Geral da Saúde (IGS), versando uma notícia da Lusa “relativa a declarações proferidas no âmbito da reforma das urgências” naquele hospital. O processo, apresentado como “pedagógico” foi arquivado.
semanário expresso 04.08.07
O antigo presidente do conselho de administração sublinhou que, há poucas semanas, quando foram publicamente divulgadas as unidades a encerrar e transferir para o futuro Hospital de Todos-os-Santos, o Curry Cabral não fazia parte da lista. Contactado pelo Expresso, o gabinete do ministro negou que esteja previsto o encerramento deste hospital. Mas Canas Mendes garante que a intenção inicial do ministro “era outra”.
Recorda ter-lhe sido comunicada superiormente “a intenção de fechar e integrar recursos humanos, no futuro Hospital de Todos-os Santos. As instalações seriam para vender. Tudo isto foi estudado por um gestor”. Portanto, “não havia lugar para uma administração que tinha feito a política contrária”. Canas Mendes disse ao Expresso ter-lhe o ministro referido que “respeitava a obra realizada e ponderava a hipótese de me colocar noutro cargo”.
Semanas depois, houve rumores de que Canas Mendes seria o futuro coordenador das Boas Práticas para o Aborto. Contactado informalmente, recusou. Entretanto, tendo chegado o mandato da administração ao fim, não havendo perspectiva de recondução e tendo os respectivos membros tempo de serviço suficiente para se reformarem, optaram por esta última via.
Após seis anos à frente do Curry Cabral, o médico Canas Mendes revela que se incompatibilizou com Correia de Campos por o ministro gostar de telefonar aos directores dos hospitais para lhe fazerem as vontades. “Ele gosta de fazer a gestão directa”. E até ironiza: “Correia de Campos atingiu o Nirvana e age como se fosse uma divindade na Saúde”.
A “gota que fez transbordar o copo” foi a ida ao Parlamento da Comissão Médica do Curry Cabral para ser ouvida sobre o possível encerramento da Urgência. Um dia depois (22 de Novembro), Canas Mendes e o director clínico, Luís Gardete, foram informados oficialmente de que o ministro tinha ficado “muito pesaroso” por não ter sido informado daquela deslocação à comissão parlamentar, “Fomos chamados porque o assunto era urgente e afinal foi para falar do desagrado do ministro”, recordou Gardete.
Gomes Branco, presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, confirmou ao Expresso a realização da reunião mas garantiu que o assunto não foi lá abordado. Confirma ter “chamado a atenção para o «site» do hospital estar a ser utilizado para difundir notícias contra o fecho da Urgência”. Na semana seguinte, Canas Mendes foi alvo de um “processo de esclarecimento” da então Inspecção-Geral da Saúde (IGS), versando uma notícia da Lusa “relativa a declarações proferidas no âmbito da reforma das urgências” naquele hospital. O processo, apresentado como “pedagógico” foi arquivado.
semanário expresso 04.08.07
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