domingo, outubro 09, 2005

Um desafio ao Presidente da APAH

Estranha-se o seu silêncio. Ou andarei eu mal informado sobre o que V. Exª anda a dizer e/ou a fazer. Não acredito que nada tenha a dizer sobre a Política de Saúde. Já sairam muitos documentos, já foram tomadas muitas decisões, algumas boas, muitas más.Estou certo de que não se terá dado por satisfeito com umas quantas nomeações de Administradores Hospitalares para os CAs, que concordará que não é por essa via que passamos a ter um bom sistema de gestão hospitalar. Mudam as moscas, mas a m... continua a mesma. Também não duvido que não ignora a situação de muitos AH, que V. Exª tem o dever de defender, se necessário inquirindo públicamente o Ministério sobre o que se está a passar. Ninguém acredita também que V. Exª não está informada do que tenciona o Ministério fazer relativamente à carreira de AH. Todos os olhos (e ouvidos) estão postos em si, há algum tempo, Dr. Delgado. Aguardamos pela sua palavra. Na Revista de GH, nos meios de comunicação social (escrita, vista ou ouvida).Onde quiser. Mas diga, somos todos ouvidos. Entretanto lanço-lhe um desafio. Poderá assim estar mais à vontade para transmitir ao Ministério aquilo que certamente não ignora: que os hospitais estão à deriva (já aqui o dissemos), que há hospitais onde impera um fascismo silencioso (perseguições, tratamentos diferenciados, favoritismos,nepotismo, medo, revolta, desinteresse, desmotivação e o que mais), há muita encenação para enganar o Ministério (quanto aos números, quanto à imagem do que se passa, quanto ao ambiente que se vive, etc.).
O desafio que lhe lanço é que V. Exª peça a alguém da ENSP, a um sociólogo da saúde (ao Prof. Santos Lucas, se ainda por lá anda) que faça um inquérito junto de todos os Administradores Hospitalares procurando saber:
a)- o que faziam e o que fazem;
b)- se estão satisfeitos com o que fazem;
c)- se sentem estar desaproveitados ou sub-aproveitados;
d)- se estão a ser vítimas de menosprezo ou não;
e)- que tipo de relações têm com os CAs;
f)- nº de contactos e qualidade de contactos com os membros dos CAs;
g)- Se há perseguições;
h)- se a informação de gestão lhe chega às mãos;
i)- que oportunidades têm tido de valorização profissional;
j)- qual a opinião sobre os diferentes sectores de actividade, tendo em atenção diversas variáveis: que tipo de pessoas estão a dirigir os serviços, quando foram recrutados, como, que tipo de ligaçoes têm com os membros dos CAs, qual a ideologia dominante que impera nos lugares e nas admissões.
Enfim, tem V. Exª muito que inquirir.
Assim ficará com um retrato mais fiel da situação. E fiável se for feito por terceiros, idóneos.
Com os dados na mão tem V. Exª o dever de não se calar ou então de nos calar a todos.
Venerando e obrigado,
Che