Informação de Gestão nos Hospitais
Importância da informação Económica.
Os hospitais elaboram informação sobre a actividade desenvolvida, seja em termos de quantidade (n.º de consultas, de internamentos, de cirurgias, etc.), seja em termos de qualidade ( n.º de readmissões cirúrgicas no conjunto das cirurgias, n.º de óbitos, no conjunto dos atendimentos).
O que nem todos elaboram é informação económica. Os hospitais SA, introduziram essa prática, não só por obrigação, mas também por necessidade de gestão. Os restantes hospitais do sector Público Administrativo (SPA), apesar de também terem essa obrigação, não elaboram informação económica, impossibilitando o adequado controlo da despesa e avaliação do desempenho.
Em minha opinião, alicerçada na minha experiência de gestão do hospital de Santa Maria, a informação disponível nos hospitais públicos não permite uma gestão criteriosa de recursos que permita adequada avaliação e consequente melhoria nos serviços prestados aos cidadãos.
Qual a importância da informação económica?
Clamar por informação de gestão não significa focar a gestão na óptica económica. Não, a gestão hospitalar deve focar-se, em qualquer circunstância, na actividade, no atendimento aos cidadãos que carecem dos serviços e na utilização eficiente dos recursos que o Estado coloca ao dispor. No caso dos hospitais, isto significa, entre outros, melhorar a acessibilidade , atender rápido e correctamente, eliminar desperdícios, com os mesmos meios, prestar mais serviços, promover o desenvolvimento da medicina e avaliar os investimentos, tomando em consideração as necessidades reais do sistema.
A informação económica é que permite avaliar a eficiência da actividade desenvolvida. Claro que a informação económica não transforma a realidade, não trata mais doentes nem faz dinheiro. Mas permite informar os decisores para estes agirem.
O que significa “Informação Económica” ?
Significa valorizar os actos prestados aos cidadãos (proveitos para o hospital) e valorizar os custos incorridos para realizar essa prestação, significa portanto comparar o benefício gerado com o custo incorrido. Essa valorização terá de ser feita de forma a que seja possível conhecer os benefícios (proveitos) e os sacrifícios (custos) correspondentes à actividade assistencial desenvolvida num determinado período de tempo ou acto. Não se trata de uma tarefa simples, exige conhecimentos adequados, de contabilidade analítica de gestão em geral. Para além dos conhecimentos exige vontade, determinação e interesse dos dirigentes em dispor dessa informação.
A generalidade dos hospitais não valoriza a actividade (proveitos) nem sabe os custos dela em determinada momento ou acto. Isto ocorre porque apenas registam a despesa no momento em que têm os “papeis” independentemente do momento do consumo desses recursos, ou seja, os registos contabilísticos estão totalmente desligados, temporalmente, da actividade realizada. A informação assim produzida é cega, inútil para a gestão das organizações. A sua finalidade visa apenas alimentar a contabilidade pública arcaica.
Como obter a informação na óptica económica ?
Comecemos pela valorização dos actos prestados e seu registo no sistema de informação de gestão. Sem entrar numa discussão técnica do valor e dos critérios de valorização, simplificando, valorizamos a actividade do mês “n”, multiplicando os actos realizados pelo seu preço. Esse valor é registado no sistema de informação contabilística como proveito, como contrapartida de valores a receber, se já facturados, ou de valores a facturar. Este procedimento permite conhecer o valor da actividade realizada naquele período de tempo e analisar a eficiência do sistema de facturação. O registo de recebimento no mês ou em meses futuros, não afecta o valor da actividade do mês e permite avaliar a eficiência das cobranças. A valorização pode fazer-se de outros modos nomeadamente através de preço único por acto conjugando com a complexidade reflectida no “casemix” (prática existente nos AS).
A valorização dos serviços prestados é muito importante. O cidadão mesmo não pagando directamente a assistência que lhe foi prestada, deveria levar consigo uma factura desses actos. Desse modo, teria maior apreço pelos serviços recebidos e o hospital saberia a quem prestou os serviços.
Os hospitais integrados na administração pública, em geral, não valorizam a totalidade da actividade. Valorizam somente a actividade suportada financeiramente por subsistemas. Mas o registo dessa valorização não ocorre no mês em que é prestada a actividade mas no mês em que a factura (acto administrativo) é feita. Ora, esta distorção é um absurdo. Ao lermos a informação, estamos a ler não o valor dos actos prestados mas o valor daquilo que os funcionários administrativos escrituraram. É uma ilustração perfeita da irresponsabilidade e da ausência de conhecimento da finalidade do sistema de informação. Estes funcionários administrativos, refiro-me aos dirigentes desses serviços, olham as suas tarefas como um fim e não como um meio, o de gestão. Esses dirigentes não o podem continuar a ser, sob pena de consumirem indevida e continuamente os nossos recursos sem a contrapartida de serviço útil.
Vicente Pereira
Professor do ISG
Os hospitais elaboram informação sobre a actividade desenvolvida, seja em termos de quantidade (n.º de consultas, de internamentos, de cirurgias, etc.), seja em termos de qualidade ( n.º de readmissões cirúrgicas no conjunto das cirurgias, n.º de óbitos, no conjunto dos atendimentos).
O que nem todos elaboram é informação económica. Os hospitais SA, introduziram essa prática, não só por obrigação, mas também por necessidade de gestão. Os restantes hospitais do sector Público Administrativo (SPA), apesar de também terem essa obrigação, não elaboram informação económica, impossibilitando o adequado controlo da despesa e avaliação do desempenho.
Em minha opinião, alicerçada na minha experiência de gestão do hospital de Santa Maria, a informação disponível nos hospitais públicos não permite uma gestão criteriosa de recursos que permita adequada avaliação e consequente melhoria nos serviços prestados aos cidadãos.
Qual a importância da informação económica?
Clamar por informação de gestão não significa focar a gestão na óptica económica. Não, a gestão hospitalar deve focar-se, em qualquer circunstância, na actividade, no atendimento aos cidadãos que carecem dos serviços e na utilização eficiente dos recursos que o Estado coloca ao dispor. No caso dos hospitais, isto significa, entre outros, melhorar a acessibilidade , atender rápido e correctamente, eliminar desperdícios, com os mesmos meios, prestar mais serviços, promover o desenvolvimento da medicina e avaliar os investimentos, tomando em consideração as necessidades reais do sistema.
A informação económica é que permite avaliar a eficiência da actividade desenvolvida. Claro que a informação económica não transforma a realidade, não trata mais doentes nem faz dinheiro. Mas permite informar os decisores para estes agirem.
O que significa “Informação Económica” ?
Significa valorizar os actos prestados aos cidadãos (proveitos para o hospital) e valorizar os custos incorridos para realizar essa prestação, significa portanto comparar o benefício gerado com o custo incorrido. Essa valorização terá de ser feita de forma a que seja possível conhecer os benefícios (proveitos) e os sacrifícios (custos) correspondentes à actividade assistencial desenvolvida num determinado período de tempo ou acto. Não se trata de uma tarefa simples, exige conhecimentos adequados, de contabilidade analítica de gestão em geral. Para além dos conhecimentos exige vontade, determinação e interesse dos dirigentes em dispor dessa informação.
A generalidade dos hospitais não valoriza a actividade (proveitos) nem sabe os custos dela em determinada momento ou acto. Isto ocorre porque apenas registam a despesa no momento em que têm os “papeis” independentemente do momento do consumo desses recursos, ou seja, os registos contabilísticos estão totalmente desligados, temporalmente, da actividade realizada. A informação assim produzida é cega, inútil para a gestão das organizações. A sua finalidade visa apenas alimentar a contabilidade pública arcaica.
Como obter a informação na óptica económica ?
Comecemos pela valorização dos actos prestados e seu registo no sistema de informação de gestão. Sem entrar numa discussão técnica do valor e dos critérios de valorização, simplificando, valorizamos a actividade do mês “n”, multiplicando os actos realizados pelo seu preço. Esse valor é registado no sistema de informação contabilística como proveito, como contrapartida de valores a receber, se já facturados, ou de valores a facturar. Este procedimento permite conhecer o valor da actividade realizada naquele período de tempo e analisar a eficiência do sistema de facturação. O registo de recebimento no mês ou em meses futuros, não afecta o valor da actividade do mês e permite avaliar a eficiência das cobranças. A valorização pode fazer-se de outros modos nomeadamente através de preço único por acto conjugando com a complexidade reflectida no “casemix” (prática existente nos AS).
A valorização dos serviços prestados é muito importante. O cidadão mesmo não pagando directamente a assistência que lhe foi prestada, deveria levar consigo uma factura desses actos. Desse modo, teria maior apreço pelos serviços recebidos e o hospital saberia a quem prestou os serviços.
Os hospitais integrados na administração pública, em geral, não valorizam a totalidade da actividade. Valorizam somente a actividade suportada financeiramente por subsistemas. Mas o registo dessa valorização não ocorre no mês em que é prestada a actividade mas no mês em que a factura (acto administrativo) é feita. Ora, esta distorção é um absurdo. Ao lermos a informação, estamos a ler não o valor dos actos prestados mas o valor daquilo que os funcionários administrativos escrituraram. É uma ilustração perfeita da irresponsabilidade e da ausência de conhecimento da finalidade do sistema de informação. Estes funcionários administrativos, refiro-me aos dirigentes desses serviços, olham as suas tarefas como um fim e não como um meio, o de gestão. Esses dirigentes não o podem continuar a ser, sob pena de consumirem indevida e continuamente os nossos recursos sem a contrapartida de serviço útil.
Vicente Pereira
Professor do ISG
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