É estúpido gastar mais
Vasco Maria sobre os genéricos
Não há razão, segundo o presidente do Infarmed, para não confiar nos medicamentos genéricos. Os processos de avaliação e de controlo são muito apertados, pelo que, assegurou Vasco Maria, durante um workshop dedicado a esta temática, no âmbito do 21.º Encontro Nacional de Clínica Geral, realizado em Vilamoura entre os dias 18 e 21 deste mês, em termos de eficácia, segurança e qualidade não há diferenças entre os medicamentos genéricos e os originadores.
Não desvalorizando o facto de a eficácia de um medicamento ser o principal critério para a decisão terapêutica, Vasco Maria é defensor de que, «superada essa questão, vale a pena olhar para os custos e perceber que talvez não estejamos a fazer as melhores escolhas».
Na perspectiva do presidente do Infarmed, os recursos que o SNS poupa com os medicamentos genéricos podem ser utilizados no aumento da acessibilidade a medicamentos inovadores, através da sua comparticipação. Neste contexto, afirmou que «sem necessidade de gastar mais dinheiro, é estúpido estar a gastá-lo».
Esta visão foi partilhada por António Vaz Carneiro que, com base em evidências científicas, assegurou que os medicamentos genéricos estão cada vez melhores e a tratar cada vez mais doentes. «Não pode ser posta em causa, de maneira leviana, a qualidade de um medicamento genérico cuja eficácia e segurança são controladas pelo Infarmed, antes da sua entrada no mercado», adiantou o presidente do Centro de Medicina Baseada na Evidência da Faculdade de Medicina de Lisboa.
O especialista esclareceu que existem provas científicas sólidas de que estes medicamentos funcionam e têm o mesmo grau de eficácia que os medicamentos de referência, pelo que «não há motivos para não os recomendar».
Substituição da prescrição
Todavia, e se, por um lado, não vale a pena discutir uma questão que «já devia estar ultrapassada», por outro, o especialista alertou para os novos problemas que se levantam. «Se eu prescrevo uma determinada marca de genéricos porque sei que o doente se dá bem com esse medicamento, não posso aceitar que o doente chegue à farmácia e lhe seja dado outro», declarou António Vaz Carneiro, revelando-se muito preocupado com a tomada de uma decisão clínica por parte de um farmacêutico.
Também para Vasco Maria esta situação merece um maior controlo, pois, apesar de «o doente acreditar que a troca lhe é conveniente — já que lhe sai mais barato — muitas das vezes não o é».
Na qualidade de presidente da Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos (Apogen), Paulo Lilaia não deixou de comentar este tema. «A Apogen está totalmente de acordo com a legislação que defende que o médico é soberano na sua prescrição e que, apenas quando permitir, ela pode ser alterada», afirmou, reconhecendo que a simples troca das cores das embalagens é suficiente para gerar confusão e comprometer a toma da dosagem adequada da medicação.
Paulo Lilaia centrou a sua apresentação não em evidências clínicas, mas em evidências económicas e, na «defesa da sua dama», reforçou que, «desde o aparecimento dos genéricos houve uma maior acessibilidade por parte dos doentes aos medicamentos, pois podem, hoje, comprá-los por um terço do valor que eles custavam anteriormente».
No entanto, a constante descida dos preços dos medicamentos genéricos pode, na perspectiva do presidente da Apogen, forçar a saída de algumas empresas do mercado. Se tal acontecer, «esperamos que se mantenham as melhores, as mais credíveis e as que garantem um maior nível de qualidade» concluiu. Com esta afirmação ficou no ar uma dúvida que, se para António Vaz Carneiro e para Vasco Maria está «ultrapassada», para Paulo Lilaia parece que ainda não: afinal, os genéricos são todos iguais ou há mesmo uns mais credíveis e portanto com mais qualidade que outros?
TEMPO MEDICINA 30.03.09
Não há razão, segundo o presidente do Infarmed, para não confiar nos medicamentos genéricos. Os processos de avaliação e de controlo são muito apertados, pelo que, assegurou Vasco Maria, durante um workshop dedicado a esta temática, no âmbito do 21.º Encontro Nacional de Clínica Geral, realizado em Vilamoura entre os dias 18 e 21 deste mês, em termos de eficácia, segurança e qualidade não há diferenças entre os medicamentos genéricos e os originadores.
Não desvalorizando o facto de a eficácia de um medicamento ser o principal critério para a decisão terapêutica, Vasco Maria é defensor de que, «superada essa questão, vale a pena olhar para os custos e perceber que talvez não estejamos a fazer as melhores escolhas».
Na perspectiva do presidente do Infarmed, os recursos que o SNS poupa com os medicamentos genéricos podem ser utilizados no aumento da acessibilidade a medicamentos inovadores, através da sua comparticipação. Neste contexto, afirmou que «sem necessidade de gastar mais dinheiro, é estúpido estar a gastá-lo».
Esta visão foi partilhada por António Vaz Carneiro que, com base em evidências científicas, assegurou que os medicamentos genéricos estão cada vez melhores e a tratar cada vez mais doentes. «Não pode ser posta em causa, de maneira leviana, a qualidade de um medicamento genérico cuja eficácia e segurança são controladas pelo Infarmed, antes da sua entrada no mercado», adiantou o presidente do Centro de Medicina Baseada na Evidência da Faculdade de Medicina de Lisboa.
O especialista esclareceu que existem provas científicas sólidas de que estes medicamentos funcionam e têm o mesmo grau de eficácia que os medicamentos de referência, pelo que «não há motivos para não os recomendar».
Substituição da prescrição
Todavia, e se, por um lado, não vale a pena discutir uma questão que «já devia estar ultrapassada», por outro, o especialista alertou para os novos problemas que se levantam. «Se eu prescrevo uma determinada marca de genéricos porque sei que o doente se dá bem com esse medicamento, não posso aceitar que o doente chegue à farmácia e lhe seja dado outro», declarou António Vaz Carneiro, revelando-se muito preocupado com a tomada de uma decisão clínica por parte de um farmacêutico.
Também para Vasco Maria esta situação merece um maior controlo, pois, apesar de «o doente acreditar que a troca lhe é conveniente — já que lhe sai mais barato — muitas das vezes não o é».
Na qualidade de presidente da Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos (Apogen), Paulo Lilaia não deixou de comentar este tema. «A Apogen está totalmente de acordo com a legislação que defende que o médico é soberano na sua prescrição e que, apenas quando permitir, ela pode ser alterada», afirmou, reconhecendo que a simples troca das cores das embalagens é suficiente para gerar confusão e comprometer a toma da dosagem adequada da medicação.
Paulo Lilaia centrou a sua apresentação não em evidências clínicas, mas em evidências económicas e, na «defesa da sua dama», reforçou que, «desde o aparecimento dos genéricos houve uma maior acessibilidade por parte dos doentes aos medicamentos, pois podem, hoje, comprá-los por um terço do valor que eles custavam anteriormente».
No entanto, a constante descida dos preços dos medicamentos genéricos pode, na perspectiva do presidente da Apogen, forçar a saída de algumas empresas do mercado. Se tal acontecer, «esperamos que se mantenham as melhores, as mais credíveis e as que garantem um maior nível de qualidade» concluiu. Com esta afirmação ficou no ar uma dúvida que, se para António Vaz Carneiro e para Vasco Maria está «ultrapassada», para Paulo Lilaia parece que ainda não: afinal, os genéricos são todos iguais ou há mesmo uns mais credíveis e portanto com mais qualidade que outros?
TEMPO MEDICINA 30.03.09
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