sábado, agosto 20, 2005

Afinal, para que serve Correia de Campos ?


1º- Como político, tem-se revelado o desastre que já se receava depois da sua primeira passagem pelo Governo. O Professor não tem sabido gerir nem os gestos (como fazia João Paulo II) nem a palavra (como faz Bento XVI). Com a Igreja aprende-se sempre!
Criticar o sistema anterior e depois mantê-lo nas suas linhas fundamentais é um erro político, criticar os gestores SA e depois reconduzi-los é outro erro, dizer o que tem vindo a dizer sobre as mais diversas situações (a entrevista ao JN que aqui já foi reproduzida é o exemplo de um grande descuido político. O Professor esquece-se que está a falar para elites esclarecidas! As abéculas não o lêem sequer), quando podia estar calado, têm sido tiros políticos constantes nos próprios pés. O Professor devia ter cuidado sobretudo com os exemplos que escolhe para ilustrar as suas afirmações. É nos exemplos, em regra, que mete as maiores argoladas. A última foi a do cartel dos combustíveis! Haja Deus! Consegue ser pior que o Prof. Freitas do Amaral. Será tique de Académicos?

2º- Como Professor de Administração Hospitalar, não soube até agora honrar a Escola Nacional de Saúde Pública, ao não valorizar a carreira de Administração Hospitalar nem os Administradores Hospitalares. Manter o sistema de gestão hospitalar de LFP, substituir apenas uns quantos gestores por Administradores Hospitalares, não ter dado ainda qualquer indicação sobre o futuro da carreira de Administração Hospitalar, são exemplos do que até agora fez (ou não fez) e não devia ter feito (ou devia ter feito). Os Administradores Hospitalares são formados por si, com a expectativa de virem a exercer no Ministério da Saúde, as funções dirigentes para que são preparados (ou lhes dizem que estão a ser preparados: estaremos perante uma grande fraude ou perante uma situação de publicidade enganosa por parte da ENSP?), são um capital humano e técnico de relevo que está a ser criminosamente malbaratado em funções em muitos casos acintosamente humilhantes. O Professor não vê isso, não sabe disso? E são cerca de 500 Administradores, que custaram caro ao país formar, que ultrapassam, em dobro, o nº de Directores-Gerais existentes na Administração Pública. Todo este manancial de massa cinzenta não chega para pôr os serviços de saúde a funcionar? Para quê ir buscar gente fora do sistema, gente sem preparação, em muitos casos? Até agora está por provar qualquer mais valia desta gente. Com a agravante de estar a ser paga a peso de ouro. Como Aquilino Ribeiro apetecia dizer, que cáfila!
Há que retomar o princípio do «interesse público, legalidade e mérito» (título de uma obra de direito administrativo célebre, que o Prof. conhece) na Administração Hospitalar e na carreira de Administração Hospitalar. Que não é incompatível com as regras de gestão empresarial, bem pelo contrário.

3º- Como economista (da saúde, político), as medidas que tem tomado ou está a pensar tomar nada abonam a seu favor enquanto especialista. Cortar na despesa cegamente, como nos HH SPA, isso não é de economista, mas de dono de casa, manter todas as mordomias dos gestores SA é cegueira económica, manter tantos gestores na Administração de topo dos Hospitais, é brincar com os nossos impostos, pensar que a venda livre de medicamentos vai resultar em poupança para o Estado, é ingenuidade económica, como já se está ver nas movimentações que a ANF está a desenvolver. A teimosia e o autoritarismo balofo, em economia política, dão sempre no que dão, em tiros pela culatra. Não se mata um leão com atiradeiras.

4º- Como homem, está a perder muitos amigos e a não ganhar nenhum. Além disso está a perder credibilidade, aceleradamente.

Contudo, ainda está muito a tempo de arrepiar caminho!

«Considera o que se diz e não te preocupes de saber quem o disse» (Kempis, Tomás de, Imitação de Cristo, Capítulo 5, nº1).
Vivóporto