sábado, julho 30, 2005

Cortes Cegos

Faláva-se no "post" anterior de orçamentos realistas / irrealistas, suborçamentação e desorçamentação dos hospitais.
Um despacho do secretário de Estado da Saúde, Francisco Ramos, publicado no DR (26.07.05), obriga os Conselhos de Administração dos hospitais SPA a reverem a proposta de orçamento económico para 2005 com vista à redução efectiva da despesa de 5%. Para cumprimento deste objectivo cada hospital deve elaborar um plano quantificado e calendarizado de redução dos gastos com a indicação das medidas concretas a executar e o seu impacte previsível a nível de custos e proveitos.
O referido despacho estabelece ainda que a redução de gastos não deve incidir sobre os custos fixos com pessoal e contratos com outras instituições do SNS e deverá ser realizado, tanto quanto possível, sem afectar a produção estabelecida nos contratos programa para 2005.
Quanto aos HH SA escapam a estes cortes, uma vez que os seus planos de actividade já incorporam uma redução global de custos de 2,3%. Devem, no entanto, zelar pelo cumprimento rigoroso do orçamento negociado (a informação disponível do 1.º quadrimestre apresenta sinais preocupantes em relação ao cumprimento do orçamento acordado) (JN n.º 556, 27.07.05).
Este corte poderá constituir uma boa motivação para a redução dos desperdícios. Depende da forma como as medidas programadas de contenção forem implementadas no terreno. Caso contrário, assistiremos, até ao final do ano, a um longo calvário de lamentos devido à falta de material de consumo hospitalar.
POSTED BY XAVIER
1. - Anonymous said...
Em boa verdade do que se trata é de uma redução de mais de 10% uma vez que mais de metade do ano já lá vai. Isto só prova que o Governo e neste particular o Ministro da Saúde e os seus Ajudantes estão sem rumo. Vejamos: primeiro determinam a redução com um despacho de finais de julho e depois é que os HH vão apresentar planos quantificados e calendarizados(?) e medidas concretas...
Isto é próprio de um país terceiro mundista! Os custos e os proveitos não se fixam por Despacho. Uns e outros têm apenas que ser justificados de acordo com critérios de racionalidade económica e eficácia social e os responsáveis serem avaliados de acordo com os resultados obtidos. Determinar de forma cega que todos os HH SPA's têm que reduzir custos em 5% é apenas uma medida de propaganda política e que já se sabe que não é para cumprir. Até porque não se sabe como vai evoluir a saúde dos Portugueses! Cá estão os AH's (com Francisco Ramos à cabeça) a exibir os seus conhecimentos de gestão da saúde!

2. - Anonymous said...
Isto é o país da brincadeira.
Porque não identificar os factores de evidente descontrolo de despesas de cada hospital( horas extraordinárias, consumos desporpocionados ao volume de produção,excesso de horários acrescidos, obras não prioritárias,critérios não transparentes e técnicamente suportados na escolha de equipamentos,material de consumo clínico e medicamentos de 3ª geração introduzidos em primeiro lugar em HH portugueses )
Não foi, mais uma vez, feito o trabalho de casa.
Tantos assessores não dá para, através de cruzamento de dados e benchmarking interno ( hospitais portugueses ) e externo ( outros hospitais europeus)elaborar uma de identifação dos 10 principais desvios em termos de despesa e baixa produtividade por cada hospital e a partir daí estabelecer cortes ajustados, não cegos.
Isto só pode ter uma explicação :trata-se apenas de política pura e dura.
Estou curioso pela avaliação dos hospitais em 30 de Setembro , penso que irão manifestar um agravamento do descontrolo orçamental do SNS.
Só intervindo no core business podem aparecer resultados.
Enquanto tivermnos medo de existir e de fazer a reengenharia dos Hospiatis e do SNS não há volta a dar.
Se assim não for iremos continuar no país da brincadeira e do faz de conta.
Parece que não sabem que aumentaram o IVA de 19% para 21%.
Vamos assistir passivamente a isto.
Não foi para isto que aprendi a gerir a AP.
Estou triste.
Os anos vão passando e sinto-me impotente para influenciar as boas práticas de gestão, capazes de resolver o problema.
Temos de perguntar como os Japoneses: Porquê?Porquê?Porquê?
Infelizmente há muitos gestores e até AH com defice de cultura de gestão e defesa das boas práticas de gestão da AP e respeito pela res publica
Enquanto assim for é difícil, é mesmo muito difícil, eu diria mesmo é impossível
Neste contexto e no conflito de interesses existentes nos hospitais é dificil compreender estas medidas de cortes à podão e não dirigidos aos desvios graves em relação à media de cada hospital em particular
Prevejo um insucesso deste objectivo

3. - Anonymous said...
Cortes Administrativos, cegos, desprovidos de racionalidade.
Apenas preocupados com o impacto imediato e mediático para se dar a conhecer que estão a ser tomadas medidas.
País de Burocratas

4. - Anonymous said...
O referido despacho estabelece ainda que a redução de gastos não deve incidir sobre os custos fixos com pessoal e contratos com outras instituições do SNS e deverá ser realizado, tanto quanto possível, sem afectar a produção estabelecida nos contratos programa para 2005. Se 50% dos custos são custos com pessoal e se houve aumentos de 2.2% na FP é muito difícil baixar o custo total sem contabilidade criativa.
Gostava de saber porquê que um gestor não pode mexer nas HE e nos Suplementos quando se sabe que o 2º comentário tem toda a razão:
Paga-se prevenção constante a pessoas que durante anos nunca foram chamados
Horas extra quando se sabe que nem o horário normal cumprem
Hora de almoço dos enf. Quando as outras classes não conta como horário normal
Horários acrescidos quando não cumprem normal
PF a preços irreais para pagar benefícios aos médicos
Dezenas de medidas que podia apontar
Gostava de saber o que fizeram os AH para suster estes custos e outros.

5. - Anonymous said...
O XVII Governo Constitucional completou recentemente 100 dias.
Já deu para ver do que os responsáveis do MS são capazes.
Governação por decreto.
Despachos administravivos para a reduçãodas despesas: Hospitais e medicamentos.
Daqui a dois anos o contraste com a Governação do Luís Filipe Pereira será de estarrecer.
6. - Anonymous said...
Lembra-me aquela "controlo da inflação por decreto" .
Esta medida destina-se fundamentalmente ao marketing político do MS. Trata-se de mais um "sound-byte" lançado para o ar, para aterrar nos media...
O exercício de 2005 já vai a meio, o cálculo dos devios orçamentais em relação ao "actual" deve ser feito mensalmente por forma a corrigir em tempo útil aquilo que tem que ser corrigido.
Uso e abuso de benchmarking interno e externo, cruzamento de dados inputs/outputs por forma a identificar desperdícios e melhorar a eficiência optimizando custos em tempo útil.
Esta redução imposta por decreto aos HH SPA em 2005, é mais uma a não ser cumprida. A ver vamos no 1º trimestre de 2006...

7. - Anonymous said...
Eata medida, a sua configração, são exemplo da péssima governação.
8. - Anonymous said...
À semelhança de Campos e Cunha esta equipa da Saúde é também um erro de recrutamento.
Tem ainda o azar de suceder a Luís Filipe Pereira.
9. - Anonymous said...
Oartigo 5.º da portaria 616-A/2005 prevê isenções para os laboratórios que tenham desenvolvido em Portugal, no ano anterior, actividades de investigação e desenvolvimento, no valor anual mínimo de 5 milhões de euros.
Faço votos que os cursos, seminários, acções de formação no estrangeiro, pagos aos profissionais da Saúde, não entrem nestas contas.
10. - Anonymous said...
Ninguém lê o DN ao Domingo?

11. - Vivóporto said...
Em emtrevista ao JN-Magazine, de 24 do corrente, o Ministro da Saúde afirmava:«o desejo mais importante de um ministro da Saúde é ter uma dotação orçamental que lhe permita exigir uma gestão responsável dos serviços». E mais afirmava «quando a dotação orçamental é muito inferior às despesas reais, nenhum gestor a leva a sério e não se preocupa em cumprir as metas porque, independentemente do desempenho, sabe que ficar´´a sempre aquèm devido à falta de recursos». Duas perguntas:
1ª Onde está a coerência?
2ª O mau desempenho dos gestores, fica, desde já justificado, ao fim dos tais 90 dias em que será feita a avaliação da carta de missão?
Cavaco Silva dizia (cito de cor) «que a escassez de recursos aguça o engenho».CC parece portanto defender tese contrária: só se faz boa gestão com muitos recursos. A retirada de recursos aos gestores adiantando desde logo que com esses recursos não há engenho que lhes valha, parece não ter qualquer lógica. Nem a lógica de Cavaco, nem a lógica de CC. Será a lógica de Francisco Ramos? Ou a lógica, neste caso, é uma batata?