quarta-feira, agosto 03, 2005

Crítica Editorial GH

Por unanimidade, decidímos trazer à luz do dia este excelente comentário do Vivóporto ao Editorial da Gestão Hospitalar do nosso colega, Dr. Poole da Costa (Parece-me estranho ...):
O colega Director da GH, Dr. Poole da Cota, que me perdoe, mas não posso concordar com a postura de fundo que assume no editorial da Revista e nomeadamente com algumas das suas afirmações. Tendo em atenção a politização absoluta que foi feita da gestão hospitalar, os protagonistas não podem deixar de ser vistos como os representantes no terreno das políticas que se pretendiam seguir. Nem a gestão dos hospitais é politicamente neutra, nem, muito menos, são neutros os seus protagonistas. Dizer que o que é fundamental é definir a missão, os objectivos e as metas independentemente dos protagonistas é idealismo. Todos sabemos que há muitas maneiras de cumprir uma missão, objectivos e metas. Com respeito pelas pessoas ou sem respeito pelas pessoas, com violação dos princípios gerais da actuação administrativa ou com a preocupação de cumprimentos desses princípios, etc. Como sabe, também a nível da gestão privada, há muitas posturas. Enquanto o sistema de gestão dos hospitais estiver politizado, a política não pode /não tem de ficar à porta dos hospitais. Mudem-se as regras, concordo. Enquanto as regra forem estas então a cara tem de dar com careta.
Também as mudanças não são necessariamente más, nem geram por si instabilidade. A paz podre, hipócrita e oportunista criada por gestores que deviam ter tido a decência de se terem demitido é bem pior. Nas instituições que conheço, sabe o que está a verificar-se? Todos os protagonistas estão a jogar no empate, no «low profile», no deixa andar. Os CAs do PSD porque já não têm as costas quentes andam preocupados em não fazer ondas, em não desagradar, em não chamar a atenção do Ministro por qualquer má razão, os funcionários do PSD e votantes, completamente desinteressados da sorte da gestão, os do PS e votantes, minimamente ou nada empenhados. Ou seja, ninguém está a jogar para marcar golos, estão todos a jogar para o lado ou para trás. Curiosamente, penso que não há ninguém mesmo à espera de um frango.
Aconselho a leitura de um livro escrito por um marxista (George Sarrote, O Materialismo Histórico no Ensino do Direito, Editorial Estampa), reputado juiz francês, por me parecer ser um livro sério e ainda actual sobre as pretensas neutralidades dos protagonistas da vida, sejam juízes, sejam gestores hospitalares, sejam o que for. Ninguèm é neutro neste mundo. Nem o Dr. Poole da Costa, apesar, «parece-me estranho», nos pretender querer fazer crer que o é. Não vale a pena andarmos a enganarmo-nos. Em política o que parece é. Ponto final.
Vivó Porto